Destaques do mês que passou

Leia textos que foram destaques no mês de fevereiro na Rede Brasil Atual

A vitória como resposta

No ato de comemoração de dez anos do PT à frente do governo federal, o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a resposta do partido aos críticos será uma nova vitória de Dilma Rousseff em 2014. A declaração foi feita no mesmo dia em que o principal presidenciável tucano, o senador Aécio Neves (MG), listou na tribuna 13 “erros” do PT à frente do Executivo federal. Autor de um livro com artigos de 23 pensadores brasileiros, o sociólogo Emir Sader acredita que este é um momento de reflexão sobre avanços e desafios do projeto de governo iniciado em 2003. Para ele, é hora de “quebrar a hegemonia do capital financeiro que resiste aos impulsos de continuidade do desenvolvimento econômico do Brasil”.

Existe internet em São Paulo

No final de fevereiro, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, reuniu-se com os ministros Aloizio Mercadante, da Educação, e Paulo Bernardo, das Comunicações, para discutir a ampliação dos serviços de telefonia e internet no município. A ideia é que as operadoras melhorem a cobertura de acesso sem fio à internet e, em contrapartida, a administração municipal flexibilizaria as regras para instalação de antenas. “A prefeitura quer fazer uma troca legítima no interesse público: liberar a construção de infraestrutura pelas operadoras e reservar uma parte dessa infraestrutura para uso de políticas públicas”, disse Bernardo.


Liberdade, abre as asas

A Justiça de São Paulo manteve proibição ao blog Falha de São Paulo, sátira ao jornal Folha de S.Paulo, alegando uso comercial indevido. Para os irmãos Lino e Mario Bocchini, entretanto, a ação do jornal não tem nada a ver com questão comercial e fere o princípio da liberdade de expressão ao censurar o recurso ao humor como exercício da crítica. Pior, abre precedente preocupante. “Há uma tradição na manutenção ao que é mais favorável ao grande poder econômico”, lamentou Lino. Eles pretendem recorrer. 

Maus perdedores

Derrotadas nas urnas em 2002, 2006, 2010 e 2012, as forças políticas representadas pela mídia tradicional e pela oposição institucional estão “irritadas” e buscam outros meios para voltar ao poder. A análise é do jornalista Paulo Moreira Leite, que lançou livro em que aborda “o outro lado” do julgamento do chamado mensalão petista. “Eles desaprenderam. Como a oposição não encontra resposta no campo democrático, tudo é motivo para achincalhar o governo.”  

Preconceito x mercado 

Pesquisa do Data Popular, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa), mostra que os moradores das favelas brasileiras consomem aproximadamente R$ 56 bilhões por ano, o equivalente ao PIB da Bolívia. O poder de consumo triplicou em dez anos. Segundo o diretor do instituto,

Renato Meirelles, esse contingente de 12 milhões de habitantes “era um mercado invisível, e estava debaixo do nosso nariz, mas as pessoas só enxergavam a favela pela ótica da violência e do tráfico”.

Lições e dores da ditadura

Investigação da Comissão da Verdade de São Paulo lança suspeitas sobre a participação de empresários e do Consulado dos Estados Unidos em atividades da ditadura. Em livros que registram entrada e saída de funcionários do Dops (ao lado), há a assinatura de pessoas que se identificaram como representantes da Fiesp e em nome da representação diplomática, inclusive em horários pouco convencionais. Um dos documentos mostra o registro de ingresso de um membro do consulado minutos depois do capitão Enio, conhecido torturador. “A oposição à ditadura sempre disse que havia beneficiamento e ligação de empresários com a repressão. Queremos saber qual foi a participação deles”, afirmou o diretor do Núcleo de Preservação da Memória Política, Ivan Seixas. 

De braçada

Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Ercilio Broch, o setor de agronegócio “nada de braçada” no Brasil, mesmo com avanços na agricultura familiar. “O Estado brasileiro foi montado para o agronegócio, está calcado nesse modelo de desenvolvimento. Apesar das nossas conquistas, que não foram poucas”, diz o dirigente. A entidade, que completa 50 anos em dezembro – foi criada no governo João Goulart –, esperava 2.500 delegados para seu 11º congresso, neste início de março.