Destaques do mês que passou

Presidente do Uruguai enfrenta o tráfico. O vazio no PSDB. As teles na marca do pênalti. A CUT tem novo presidente. O desdém da prefeitura paulistana com a cultura boliviana

Charge: Ohi

Nação sem projeto

O PSDB terminou o mês de julho com dois factoides jurídicos e entra no calor da campanha eleitoral dando sinais melancólicos de crise existencial. O partido que já teve Franco Montoro e Mario Covas hoje se contenta mais com produzir manchetes contra os adversários do que a favor de si próprio. E partiu para uma ação contra o presidente da CUT por entender que ele estaria ameaçando o juízo dos ministros do STF que julgarão o mensalão. Antes, havia acionado os blogs e sites “sujos” e “nazistas” por atormentarem José Serra. Se a tentativa de censurar os blogueiros é nula, quem sabe possa constranger os anunciantes dos sites a secar-lhes recursos. Sem projeto, assim caminha o PSDB. 

Mujica contra o tráfico

Presidente do Uruguai José Mujica (Foto: Andres Stapff/Reuters)Depois que uma pesquisa revelou que 60% da população não gosta da ideia do governo de descriminalizar o consumo de maconha, o presidente uruguaio, José Mujica, não se fez de rogado. Em pronunciamento em rede nacional, alertou seus compatriotas da importância de elaborar novas maneiras para combater o narcotráfico. “Apenas com repressão policial será impossível”, resumiu. O passo dos uruguaios rumo à legalização da maconha despertou a atenção da ONU, que pediu para enviar uma comissão da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) para acompanhar a discussão. O chefe da Jife, Raymond Yans, não simpatiza com as propostas do uruguaio. O presidente, no rádio, analisou o problema até sob a lógica comercial. “Muito mais grave que os males causados pela droga na saúde humana é o resultado que o narcotráfico acarreta na sociedade”, afirmou. 

Feira para quem?
 Feira Boliviana Pari (Foto: Danilo Ramos)


Feira boliviana no Pari: prefeitura paulistana ignora pedido de regularização desde 2004 (Foto: Danilo Ramos/RBA)

Realizada há dez anos no bairro do Pari, região central de São Paulo, a feira boliviana Kantuta ainda espera pela regularização. O local recebe de 3 mil a 5 mil pessoas todos os domingos. Em 2004, a associação responsável pela feira solicitou à Subprefeitura da Mooca a reforma da praça que sedia o evento, para adequar o espaço inclusive para a prática de atividades esportivas na quadra ali instalada. Mas a prefeitura, afirmam, desmontou a quadra. E ainda não deu o Termo de Permissão de Uso pedido há tempos.  

Sarney: faltou comunicar ao conselho

A reativação do Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar do Legislativo, era uma antiga reivindicação dos movimentos que militam por um novo modelo do setor, mais democrático e menos concentrado. Durante anos, o assunto ficou engavetado. Até que no encerramento do semestre legislativo, após a aprovação do Orçamento de 2013 e quando os parlamentares já faziam as malas para o recesso, o Senado anunciou a nova composição do conselho. Alguns dos nomeados pelo presidente da Casa, no apagar das luzes, sequer sabiam que haviam sido nomeados. Entidades protestaram contra a forma de “escolha”. 

Projeto de nação

Vagner Freitas (Fábio Rodrigues Pozzebom/ Abr)Em entrevista após sua confirmação na presidência da CUT nos próximos três anos, o bancário Vagner Freitas criticou a postura do governo federal por administrar mal o impasse com os servidores federais, que acabou se arrastando por mais de dois meses devido a um processo de negociação truncado e pouco efetivo. O Legislativo também foi lembrado pelo novo presidente da central, para quem a “pauta dos trabalhadores segue engessada no Congresso e só vai andar se houver pressão social”. Vagner voltou a defender a realização de uma conferência sobre o sistema financeiro, dizendo que o Brasil precisa deixar de ser “o paraíso dos bancos”. E assegurou a manutenção da distância regulamentar entre central e governo, lembrando que há visões em disputa: “Apoiamos não um projeto político-partidário, mas um projeto de nação”, observou. 

Linha ocupada

A suspensão das vendas de linhas de telefonia celular e internet pela Tim, Oi e Claro por parte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi um ponto de partida contra o mau atendimento das operadoras. E na avaliação de João Brant, do Coletivo Intervozes, demonstra como é necessário acompanhamento constante e rigoroso das atividades das teles, em um mercado com 256 milhões de linhas de telefonia móvel no país. “Esses milhões de chips já vendidos são um reflexo do nosso problema, não da nossa solução. Você acaba tendo uma saturação das redes. As empresas, por conta de competição e para atender à demanda, põem à venda milhões de novos números sem ter tecnologia suficiente.” Para Maria Inês Dolci, coordenadora da entidade de defesa de consumidores Proteste, o problema da telefonia não se esgota na gestão das teles. A Anatel, segundo ela, também não cumpre seu papel básico de regular o setor.