Destaques do site, da rádio e da TVT

Entrevista com Paulo Nogueira Batista Jr., música para a saúde na rádio e o programa Clique e Ligue na TVT: tecnologia e inovação ao alcance dos movimentos sociais

Ah, o complexo de vira-lata

O economista Paulo Nogueira Batista Jr., diretor-executivo do FMI representando o Brasil e mais oito países, afirma que os emergentes ainda têm papel passivo, apesar da posição brasileira mais combativa. Para ele, alguns têm dificuldade de superar o “complexo de vira-lata”, como Nelson Rodrigues se referia ao futebol brasileiro antes de 1958. O economista não votaria a favor do pacote proposto à Grécia pelo FMI se fosse parlamentar daquele país: “A abordagem dos europeus do norte não está dando certo”.  Leia a entrevista.

Por favor, pare agora…

Pedágio mais caro a partir de julho é mais um teste de paciência para quem dirige e para quem cobra. Os que estão do lado de dentro da cabine deparam com todo tipo de situação, às vezes enfrentando o mau humor do motorista. Uma trabalhadora já sofreu até tentativa de atropelamento.

…Ou vá de avião

A reportagem da RBA ouviu pessoas que viajam com frequência pelas estradas de São Paulo e trocaram o carro pelo avião. Entre a capital e Ribeirão Preto (SP), o trecho de 316 quilômetros consome três horas de carro, mais de R$ 50 de combustível e R$ 44 (antes do aumento de julho) nos pedágios. E passagens aéreas foram encontradas entre R$ 80 e R$ 100 – para 50 minutos de avião. Outros trechos foram comparados. Quanto maior a antecedência da reserva, maior a oferta de preços promocionais nas companhias aéreas.


Novos passos pela Comissão da Verdade

Cerimônia de repatriação do acervo da organização “Brasil Nunca Mais”, na sede do Ministério Público Federal de São Paulo, foi transformada em ato pró-instalação da Comissão da Verdade, para apurar violações de direitos humanos cometidas pelo Estado durante a ditadura. O material extraído do Superior Tribunal Militar (STM) ainda durante o regime autoritário é apenas parte da batalha pelo restabelecimento da verdade sobre o período. O arquivo, com 1 milhão de páginas microfilmadas de 707 processos, estava no Center for Research Libraries, de Chicago (EUA), há 26 anos. Há informações sobre 1.843 vítimas, incluindo mortos e torturados que sobreviveram. Confira

Dentro da ofensiva social pela instalação da Comissão da Verdade, foi lançada em junho no Memorial da Resistência, em São Paulo, uma coletânea com 12 DVDs, elaborada pelo Instituto Vladimir Herzog, com depoimentos de jornalistas, da imprensa alternativa e da imprensa comercial, que contribuíram para o enfrentamento à ditadura, entre 1964 a 1979. No total, são 60 entrevistas e depoimentos daqueles que, segundo Ivo Herzog – filho do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975 –, tiveram “atuação heroica para o Brasil”. A coletânea será distribuída a bibliotecas e universidades. O projeto tem parcerias já firmadas com a Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional / Memórias Reveladas e o Centro de Documentação e Memória da Unesp.

Também no Memorial, o Núcleo de Preservação de Memória Política realiza o chamado “Sábado Resistente”, reuniões quinzenais ou mensais com o objetivo de difundir e ampliar a participação das pessoas na mobilização pela aprovação do Projeto de Lei 7.376/2010, que estabelece a Comissão da Verdade. A agenda dos encontros pode ser conferida no site da organização: www.nucleomemoria.org.br. No dia 4 de junho, o núcleo lançou cartilha que explica didaticamente a importância da Comissão. Baixe o PDF da edição

A Guerra do Paraguai e outros segredos

A Rádio Brasil Atual apresentou a série de reportagens com o tema “Quem tem medo da Guerra do Paraguai?” No conflito, ocorrido entre 1864 e 1870, foram exterminados 95% da população masculina paraguaia e 50% da feminina. Um dos entrevistados foi o cineasta Sylvio Back. Até hoje são mantidos sob sigilo pelas autoridades militares documentos oficiais do episódio. Desse e de muitos outros momentos da história, incluindo os recentes anos de chumbo. A verdade pode ser eternamente mantida em segredo. 

Outros destaques do site:

Adeus, PNBL? Ministro descarta recursos públicos em banda larga

Justiça: STF confere importante vitória à liberdade de expressão

Polícias precisam usar armas para “acompanhar” movimento social?

 

Na TVT

TVT Clique e Ligue (Divulgação)

Tecnologia que espalha ideias

Programa Clique e Ligue mostra novas possibilidades
de comunicação para os movimentos sociais

Daniel Munduruku, Anapuaka Muniz, Roni Wasiry Guará e Cristino Wapichana são índios de tribos diferentes, mas têm em comum o uso da internet e de novas tecnologias. No programa Clique e Ligue, da TVT, eles mostraram o quanto esses novos recursos de comunicação podem fazer parte da vida de cada um sem que percam a identidade cultural. É o que Daniel define como novos mecanismos de memória para divulgação da cultura indígena e manutenção da ancestralidade,  “a única maneira de permanecermos vivos”. Ele dirige o Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (Inbrapi).

Programe-se
Clique e Ligue vai ao ar todas as terças-feiras, às 19h30, pela TVT e pela internet.
Como sintonizar
Canal 48 UHF no ABC e Grande São Paulo (NGT)
E 46 UGH em Mogi das Cruzes
Na internet
www.tvt.org.br

O músico Cristino e o professor Roni falaram sobre a aldeia de cada um – localizadas durante o programa –, as resistências dos mais velhos, as possibilidades da internet, denúncias e reivindicações das comunidades indígenas. “Nossa missão, primeiro, é falar sobre nosso próprio povo, nossa história”, disse Cristino.  

Conectados a Anapuaka, que participou via Skype, os quatro índios acreditam que a tecnologia, em vez de prejudicar, pode aumentar o conhecimento sobre a cultura de seus povos, além de integrar as próprias comunidades. Ao final, o cacique Mário Juruna, famoso nos anos 1970 por usar um gravador para registrar tudo o que o “branco” dizia, e eleito posteriormente deputado federal, foi comparado ao WikiLeaks dos dias atuais.

Apresentado às terças-feiras por Marcelo Godoy e dirigido por Luis Parise, Clique e Ligue busca mostrar como iniciativas dos movimentos sociais podem ser amplificadas com o uso das novas tecnologias de comunicação. Quem também participou do programa para falar sobre isso foram representantes do Canal Motoboy, formado por um grupo de motoboys de São Paulo, inspirados pelo artista catalão Antoni Abad. Eles percorrem a cidade usando celulares com GPS e câmara, fotografando, filmando e publicando suas experiências em tempo real na internet.

Em outra edição, representantes do movimento Transparência Pública na Internet comentaram a importância de oferecer acesso às contas dos municípios, estados e da União. O programa falou ainda sobre o movimento Ficha Limpa, que por meio da internet conseguiu grande número de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular. E mostrou como a rede pode ser usada também para combater desde o tráfico de animais até o preconceito racial e de gênero.

 

No Rádio

Flautas em hospital francês (Foto: Christophe Meyer)

Música para a saúde

Iniciativa busca humanizar o ambiente hospitalar e resgatar a memória afetiva dos pacientes

Por Oswaldo Luiz Colibri Vitta e Terlânia Bruno

Abre-se um campo de trabalho para os músicos e cantores brasileiros. Está marcado para agosto, na capital paulista, o início do 1º Curso de Formação de Músicos Atuantes em Hospitais e Instituições de Idosos. Criado pelo educador musical e compositor Victor Flusser, o projeto prepara os artistas para tornar mais humano e acolhedor o ambiente em hospitais e casas voltadas ao atendimento de pessoas idosas. Foi implantado na França, há dez anos, e hoje é desenvolvido em Portugal, Espanha, Itália e Alemanha.

A entrevista completa com Victor Flusser ao Jornal Brasil Atual foi ao ar em 17 de junho. Ouça aqui E acompanhe o programa diariamente, na Grande São Paulo, das 7h às 8h, na FM 98,9

Flusser, responsável pelo diploma universitário de Músicos Atuantes na Área Social e da Saúde da Universidade de Estrasburgo (França), esclarece que o projeto não deve ser confundido com a musicoterapia e defende a ideia de que a doença não está apenas no paciente, mas no hospital como um todo. 

“As regras hospitalares não respeitam a humanidade de cada pessoa. Já estive internado bastante tempo e eu não era o Victor, era ‘o joelho do quarto 27’. O ‘velhinho do quarto 12’ é o seu João, é o seu Antonio, com sua vida, ilusões e desejos. A ‘auxiliar 2, 3 ou 4’ é a Maria Aparecida, com seu namorado, sua mãe, uma pessoa com muitas qualidades’”, conta Flusser.

Os músicos vão oferecer o que o mentor do projeto chama de “terapia do hospital”. E para isso precisam ser preparados. A formação dura um ano e é construída em torno de competências específicas. O profissional precisa ter repertório variado para facilitar a interação com crianças e idosos, conhecer as regras do hospital, atuar como mediador entre o hospital e músicos convidados sem familiaridade com esse tipo de trabalho e estar preparado psicologicamente para lidar no dia a dia com a dor, a angústia, a ansiedade e a morte. Por isso, sessões frequentes com psicólogos também fazem parte do curso. 

O projeto prevê ainda a formação continuada dos profissionais da saúde – médicos, enfermeiros e auxiliares – para que possam entender a ação e interagir com os músicos. “Os artistas devem estar engajados, sobretudo, na qualidade de vida das pessoas, pacientes e trabalhadores da saúde. O objetivo principal é despertar as pessoas idosas para a vida, de modo digno e com respeito”,  afirma Flusser.

Ivan Vilela, compositor e professor na Faculdade de Música da Universidade de São Paulo, é o responsável pela formação dos 30 profissionais selecionados em São Paulo, de um total de 240 inscritos entre maio e junho. Nessa etapa, além de cantar e tocar bem algum instrumento, é fundamental o brilho nos olhos. “O Victor sugere que o tempo máximo de trabalho do músico seja de oito a dez horas por semana, ou seja, duas horas por dia, porque a troca de emoções, olho no olho, é muita intensa.”

O curso equivale a uma pós-graduação lato sensu, com 500 horas, incluídas 160 de estágio acompanhado em hospitais. E mais 500 horas de estudos e ensaios individuais e com o parceiro, já que os músicos atuam em duplas. “Estão previstos encontros intensivos de quatro dias para que eles tenham contato com artistas e pesquisadores de vários segmentos e possam absorver conhecimento artístico e humano”, completa Vilela.

As experiências do projeto Música nos Hospitais nos países onde é desenvolvido estão reunidas em 40 documentários produzidos por Luiz Fernando Santoro, professor da USP, que podem ser acessados no endereço www.musims.fr. No Brasil a iniciativa, articulada pela Oboré Projetos Especiais, tem apoio do Hospital Premier, instituição especializada em cuidados paliativos, um modelo de tratamento que busca a qualidade de vida do paciente idoso ou terminal, portador de doença crônica e familiares.