Tempo velho, novos tempos

(Foto:Bela Carrari/Revista do Brasil) Uma pesquisa coordenada pelos institutos Ibase e Pólis foi o gancho para a reportagem de capa desta edição. O trabalho, intitulado Juventude e Integração Sul-Americana – […]

(Foto:Bela Carrari/Revista do Brasil)

Uma pesquisa coordenada pelos institutos Ibase e Pólis foi o gancho para a reportagem de capa desta edição. O trabalho, intitulado Juventude e Integração Sul-Americana – Diálogos para Construir a Democracia Regional, ouviu 14 mil pessoas de seis países do continente, metade delas entre 18 e 29 anos, a respeito de questões relacionadas a esse segmento da população.

O leitor interessado em detalhes pode navegar na página do Ibase na internet. O mais importante foi uma particularidade: os coletivos juvenis se inquietam com as desigualdades sociais e as injustiças, como explicou a socióloga Helena Abramo, coordenadora do estudo. Com o respaldo estatístico, a reportagem deixou os números de lado e foi atrás das pessoas que os representam.

E surpreendeu-se com o fenômeno identificado nas mais diversas tribos. Anarquistas ou militantes partidários, da classe média ou da periferia, em ações bancadas por políticas públicas ou em ONGs independentes.

A energia renovada e o brilho de esperança causam um contraste amazônico quando comparados à existência de figuras e práticas tão anacrônicas ainda presentes no cotidiano. Como certos governantes que ainda põem policiais para bater em estudantes que não se conformam com tarifas altas demais para um transporte público tão degradado. Ou determinados políticos derrotados que empregam ferramentas atualíssimas como o Twitter para vomitar choramingos com sotaque de uma extrema-direita dos tempos dos campos de concentração no Ceará – sim, eles existiram, e devem ter inspirado aquele antigo personagem do Chico Anysio que adorava pobres… mortos.

Nesse contraste entre a juventude ansiosa para mudar o mundo e essa categoria de políticos que gostaria que o tempo dos coronéis voltasse está a esperança de que estes sucumbirão à energia dos primeiros. Some-se a essa garra juvenil a graça das mulheres que também não se conformam com o estado das coisas, estejam elas no gabinete de uma presidenta da República ou na frente de um computador, mandando ver nos seus blogs. E temos aí ingredientes que apontam nesta segunda década do século 21 que a História – ao contrário do que apregoaram alguns há não muito tempo – ainda produz personagens capazes de reescrevê-la.

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