Literatura

Mouzar Benedito revisita a ingênua vida de crianças do pré-1964

Em seu novo livro, 'O Mistério do Obelisco', escritor constrói uma ficção baseada em sua própria infância na cidade mineira de Nova Resende

“’O Mistério do Obelisco’ nos revela muito da personalidade do hoje homem que foi aquele menino”

O humor do escritor e cronista Mouzar Benedito está de volta em seu mais novo livro, O Mistério do Obelisco (240 págs., R$ 30), que tem lançamento previsto para o dia 5 de fevereiro pela Editora Limiar. No texto de apresentação da obra, o autor afirma que esta é mais que uma história, trata-se de uma espécie de fabulário do Brasil pré-golpe de 1964.

Dengo, personagem-narrador, assim como Mouzar, é filho de um barbeiro e mora numa cidadezinha chamada Vila (como muitos moradores de Nova Resende ainda chamam a cidade mineira) na década de 1950. As brincadeiras, as travessuras, a ingenuidade dos amigos e seu cotidiano renderam histórias, tão engraçadas quanto simples, de crianças que cresceram com toda a liberdade que a vida no interior permitia antigamente.

A narrativa, construída de “causos” curtos, é praticamente toda amarrada pela grande questão que instigava garotos da cidade: “Mas pra que diabo serve aquele pirulito, o tal de obelisco? (…) Tem alguma coisa dentro dele?” Será que era o “lobisomão” ou o perigosíssimo “Chefedosmudos”? Talvez ele guardasse algum tesouro ou então fosse um foguete disfarçado… Eram várias as possibilidades que os adultos tentavam inculcar na cabeça das crianças.

Para quem cresceu em cidadezinhas do interior, o livro é uma volta a um passado de ingenuidade acalentado pela vizinhança pacífica e pelos fogões à lenha. Algumas histórias, como uma envolvendo leitinho com conhaque, podem até causar certo estranhamento nos pais das novas gerações, mas são tão engraçadas e peculiariares que dão todo um sabor terno e afetuoso à narrativa.

Nos blogs que mantém no portal da Fórum e na Editora Limiar, o escritor afirma que o livro é tão autobiográfico quanto ficção. “Alguns leitores vão, com certeza, procurar identificar personagens e lembrar de alguns fatos acontecidos na época ou questionar histórias como se eu tivesse escrito uma espécie de documentário. Então, lembro: é ficção. Alguns personagens são inspirados em amigos, mas nem todos. Há personagens totalmente fictícios. E mesmo quando os personagens podem ser identificados com alguém, é preciso lembrar que as situações em que aparecem podem ser fictícias. Tem tudo a ver com o que acontecia na época, com o nosso cotidiano, com o nosso modo de ver o mundo, mas não é um documentário. Se alguém for querer confrontar os fatos citados nele, vai ver que há fatos históricos fidedignos, sim, mas também há fatos romanceados ou colocados fora de sua época. É um romance em que procurei falar com humor de um Brasil e de certo tempo que parecem pura imaginação”, declara.

Como bem escreve Célia Regina Talavera, mulher de Mouzar, na orelha da obra, “essa história nos revela muito da personalidade do hoje homem que foi aquele menino”. O Mistério do Obelisco é uma doce e despreocupada leitura que pode ser feita por meninos e meninas grandes e pequenos(as).

O livro será lançado no dia 5 de fevereiro, às 19 horas, no Bar das Empanadas, na Vila Madalena, em São Paulo. Não haverá distribuição em livrarias. Ele será vendido no dia do lançamento ou poderá ser encomendado com o autor ([email protected]/ [email protected]) ou com a Editora Limiar ao preço de R$ 30.