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Levantes e lutas: as manifestações populares representadas pela arte

Exposição transdisciplinar leva ao Sesc Pinheiros as emoções coletivas presentes nos atos populares, políticos e engajados nas transformações sociais, revoltas e revoluções

Eduardo Gil/Divulgação

‘Crianças desaparecidas. Segunda Marcha da Resistência’, de Eduardo Gil, faz parte do eixo Desejos na exposição

A insurgência como expressão artística e social é tema da exposição Levantes, que fica em cartaz até 28 de janeiro de 2018 na sede do Sesc Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. Idealizada e organizada pelo instituto cultural parisiense Jeu de Paume, a mostra apresenta cerca de 200 obras que representam as mais diferentes formas de levantes, manifestações populares, atos políticos e/ou engajados na transformação social.

Instalações, pinturas, fotografias, vídeos, filmes contemporâneos e documentos fazem parte da exibiçãoitinerante que tem curadoria do historiador de arte e filósofo francês Georges Didi-Huberman. Trata-se de uma mostra transdisciplinar que tem a intenção de fazer com que o público reflita sobre as manifestações populares por meio da arte sob o ponto de vista das emoções coletivas.

reproduções de fotografias de Marcel Duchamp, Man Ray, Cartier Bresson e Gilles Caron, textos do filósofo e psicólogo Michel Foucault, dos poetas Baudelaire e André Breton, instalações da fotógrafa e artista multimídia Lorna Simpson, a poesia dos Manifestos Pau-Brasil e Antropofágico de Oswald de Andrade e do movimento dos parangolés de Hélio Oiticica, entre outras obras.

A visitação é dividida em cinco eixos: elementos, gestos, palavras, conflitos e desejos, que demonstram ao espectador as “múltiplas maneiras de transformar quietude em movimento, submissão em revolta, renúncia em alegria expansiva”. O eixo elementoreflete sobre o exercício da imaginação como sendo o princípio dos levantes. Gestos traz a mudança da prostração que até então mantinha as pessoas submissas para a primeira ação deste processo de esperança e resistência que é o levantar-se.

Palavras resgata as exclamações do cantar, do pensar, do discutir, imprimir e transmitir, afinal, quanto de poesia não há nos panfletos e folhetos das manifestações populares? Na sessão que aborda os Conflitos, há a insurgência inflamada pelo desejo de ser livre e de viver melhor em sociedade. E aqui entra o poder da repressão que vitima e vitimou milhares de pessoas na história da humanidade.

O último eixo reflete sobre o desejo e a forma que ele sobrevive ao poder. “Mesmo quem sabe estar condenado – nos campos de concentração, nas prisões – busca meios de transmitir um depoimento, um apelo. Foi o que Joan Miró quis mostrar numa série intitulada L’Espoir du condamné à mort [do francês, A Esperança do Condenado à Morte], em homenagem ao estudante anarquista Salvador Puig Antich, executado pelo regime franquista em 1974”.

Uma das condições que o curador colocou para as instituições que recebem Levantes é que sejam adicionados temas locais a cada cidade por onde a exposição passa. No Brasil, Didi-Huberman pediu que fosse incluída uma série de conteúdos que enfatizassem a escravidão, a negritude e a pobreza, temas que estão representados em obras do fotógrafo Sebastião Salgado, do pintor Hélio Oiticica e do escritor modernista Oswald de Andrade.

Levantes
Quando: até 28/01/2018
De t
erça a sexta-feira, das 10h30 às 21h30; sábados, das 10h30 às 21h; e domingos e feriados, das 10h30 às 18h30
Onde: Espaço expositivo do Sesc Pinheiros, no 2° andar
Rua Paes Leme, 195, São Paulo (SP)
Quanto:grátis
Classificação etária:livre
Mais informações: (11) 3095-9400 e no site do Sesc