bancários

Pai responsável, felicidade compartilhada

Com licença paternidade maior em convenção coletiva, inclusive para adoções, bancários promovem curso para que pais e mães dividam os com os cuidados dos filhos e comecem em casa um mundo diferente

TVB

Renan e Larissa: aprender e amadurecer juntos a nova fase da vida

São Paulo – “O vínculo da minha família ficará mais forte. Vou poder estar muito presente na vida do meu filho desde o início”. É assim que o bancário Antônio Carlos Martins Campos comemora, antes do nascimento do filho, os benefícios da licença paternidade de 20 dias, um direito conquistado pela sua categoria profissional para todos os pais de bebês nascidos a partir de 27 de dezembro. “Sou muito participativo e quero ser cada vez mais.”

Enquanto espera pelo bebê e pela licença, Campos participou da primeira turma do curso de paternidade responsável organizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, encerrado na última quinta-feira (16). O evento, gratuito, forneceu informações sobre educação para igualdade, cuidados com bebês, pré-natal, depressão pós-parto e outros temas ainda pouco debatidos pelos homens. A formação é uma exigência para ter acesso ao benefício. “O curso é excelente. São cinco dias muito bem aproveitados, com profissionais ótimos”, diz Antônio. “Desejo que esse direito seja estendido às outras categorias, pois é fundamental para a família.”

A licença ampliada vale, inclusive, de forma retroativa: os pais que tiraram apenas cinco dias em 2016 poderão pedir os outros 15 dias. Nos outros casos, o  bancário terá de requisitar o benefício por escrito junto ao banco em até dois dias úteis após o parto. É necessário apresentar documento que comprove participação no curso sobre paternidade responsável. A licença de 20 dias vale também para casos de adoção.

“Os cinco dias que tínhamos era muito pouco. Agora, com 20 dias, eu posso assumir os cuidados da casa e do bebê enquanto ela se restabelece”, diz o bancário Lindomar Oliveira, que também participou da primeira turma do curso. “Eu já tenho uma filha e achava que sabia de tudo, mas o curso me surpreendeu e eu percebi erros que cometi e agora não vou mais fazer. Uma discussão muito interessante foi sobre depressão pós-parto: tem muitas coisas que nós, homens, podemos fazer para evitar que a companheira sofra com o problema e eu não sabia.”

Um dos temas mais esperados foi a educação das crianças. “Sempre temos a ideia que para ser pai ou mãe não precisa estudar, é só reproduzir a educação que tivemos, mas não é. Fomos criados em um modelo autoritário e repressivo e alguns reproduzem isso e outros tentam negar se tornando muito permissivos”, diz a educadora Dora Incontri, que ministrou a última aula do curso. “Vamos ajuda-los com uma educação para a autonomia, para a igualdade e para a singularidade.”

Ao todo foram 12 horas de aulas. “Aprendi várias coisas que nem eu nem minha mulher sabíamos e quando cheguei em casa ensinei para ela”, diz o aluno Robson Mederios. “Eu sei que minha mulher estará mais debilitada no pós-parto e eu estarei lá para fazer comida, limpeza e cuidar do bebê.”

A gestante Larissa Guimarães acompanhou o curso ao lado do marido, Renan – ambos pais de “primeira viagem” e convencidos da importância de aprender e amadurecer juntos o novo desafio. “Eu indico a todos os pais fazerem”, diz Renan.

Para o coordenador de Formação do sindicato, Marcelo Alves, a paternidade responsável proporciona um crescimento diferente para os filhos. “Gera filhos diferentes, e portanto uma sociedade diferente”, acredita.


Direito

A ampliação da licença-paternidade é uma conquista da campanha salarial da categoria de 2016 e está prevista na cláusula 26 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que foi garantida pela lei 13.257 de 2016. Assim como a licença-maternidade de 180 dias, conquistada pelos bancários em 2009, a licença-paternidade de 20 dias é concedida por meio do programa Empresa Cidadã.

Os recursos federais para a concessão do benefício estão previstos na Lei Orçamentária Anual, sancionada em 10 de janeiro de 2017.

“Essa é uma conquista importante dos trabalhadores e o Sindicato correu atrás desde o início cobrando tanto os bancos quanto o governo federal para que o direito pudesse ser usufruído pelos pais, inclusive de forma retroativa, nessa fase tão fundamental da vida da família”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

Novas turmas serão formadas de acordo com o interesse dos bancários e com as datas de nascimentos previstas dos filhos dos funcionários, seguindo a disponibilidade do centro de formação. Para garantir a vaga, basta ligar para o sindicato, no telefone 3188-5200.