Carta ao Leitor

Mexer com o poder

mauricio morais Soco do bem: embaixo de um viaduto, Garrido dá exemplo de cidadania Em São Paulo, num espaço embaixo de um viaduto, um ex-pugilista criou uma academia e proporciona, […]

mauricio morais

Soco do bem: embaixo de um viaduto, Garrido dá exemplo de cidadania

Em São Paulo, num espaço embaixo de um viaduto, um ex-pugilista criou uma academia e proporciona, sem aceitar um tostão, lições de cidadania. Uma professora, depois de contrariar os médicos e superar um derrame, montou uma escola de capoeira para dezenas de crianças, quem não pode não paga. E o Sesi, famoso pela qualidade de seu ensino gratuito, quer passar a cobrar por cursos do ensino infantil ao médio.

Por que, num país em que gente da comunidade faz das tripas coração para alcançar uma conquista social, uma instituição que vive de impostos arrecadados da indústria toma o caminho inverso? É questão para o Sesi e as autoridades responderem. Mas que ensina: nem tudo que a sociedade precisa acontece por si só.

A sociedade tem sempre de estar organizada, pronta para influenciar nos rumos do país e fortalecer a democracia. No jogo político, por mais bem-intencionado que seja o governo de plantão, a elite nunca larga a briga por seus interesses e seu poder.

Os setores que sempre quiseram mandar na política, por exemplo, não passam um dia sem falar que o Brasil gasta muito com seus aposentados e que é preciso reformar a Previdência. E qual é a deles? Convencer que o Estado não devia ter tanto “gasto” social e deixar que a iniciativa privada cuide dessas coisas “custosas”.

A Previdência precisa de gestão democratizada, eficiente e de controle público – não de reforma. Programas sociais não demandam gastos, mas investimentos. Num período em que a política econômica custa a se soltar do modelo implantado anteriormente, esses investimentos – Bolsa Família, valorização do salário mínimo, recuperação da renda, desoneração dos impostos nos gêneros de consumo dos pobres e da classe média assalariada – têm sido fundamentais para que o país ande para a frente.

Os trabalhadores precisam estar prontos para disputar o poder e influir nas decisões. Os tais “de cima” sempre disputam espaço para seus interesses. Por enquanto, pautam o noticiário. Logo vão querer pautar o poder. A Revista do Brasil estará nesse debate, reforçando com informação os que lutam por um país que invista na qualidade de vida das pessoas, modere os apetites do mercado e promova justiça social.