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Usuários criticam plano de privatização do Centro Cultural e bibliotecas públicas de SP

Especialistas apontam riscos na implementação de políticas públicas. Frequentadores aprovam os serviços e acham desnecessário entregar a administração dos espaços à iniciativa privada

João Mussolin/Divulgação

‘Serviço é muito bom, muito organizado, tudo bem bonito e esquematizado. Não tem necessidade de privatizar’

São Paulo – O secretário municipal de Cultura de São Paulo, André Sturm, anunciou na semana passada que pretende entregar a organizações sociais – entidades privadas que administram serviços públicos – a administração do Centro Cultural São Paulo e das 54 bibliotecas municipais da cidade. Frequentadores e especialistas se opõem à medida. 

“A biblioteca é bem organizada. A gente deixa os materiais aqui, o ambiente é agradável, tem bastante gente vem estudar. Eu gosto daqui”, diz a estudante Mariana Paiva, frequentadora do Centro Cultural São Paulo, que fica no bairro do Paraíso, região central da cidade. “O serviço aqui é muito bom, muito organizado, tudo bem bonito e esquematizado. Não tem necessidade de privatizar”, questiona a estudante Giulia Prates. 

Para o conselheiro João Marques, do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de São Paulo, a terceirização é desnecessária. Segundo ele, eventuais falhas podem ser resolvidas com aperfeiçoamento profissional e concurso público para contratação de pessoal especializado.

O Centro Cultural tem uma programação intensa de atividades. Quando o secretário fala da dificuldade de contratar shows e espetáculos, acredito que não haja tanta dificuldade assim a ponto de se terceirizar. Acho que pode melhorar os processos e tudo, mas não tem necessidade de terceirização. As bibliotecas também têm suas programações voltadas ao livro e à leitura com algumas carências, mas essas carências não vão se resolver com mudanças de gestão, com terceirização. Resolve-se com formação de profissionais”, analisa o conselheiro, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT. 

O produtor cultural José Castilho não vê problemas se for privatizada apenas a gestão burocrática dos espaços, mas não concorda com a terceirização das decisões das políticas públicas culturais, como construção de novos equipamentos públicos, a aquisição de acervo ou programação artística, por exemplo. “A inteligência desses serviços – ou seja, o que fazer, qual que deve ser a condução de toda política pública do livro – tem que estar à luz do Plano Municipal e ao mesmo tempo dialogando com a sociedade.”

 

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