Força e personalidade

A potência da voz da rapper Drik Barbosa no programa ‘Hora do Rango’

A cantora e compositora se prepara para lançar, em 2019, seu primeiro disco-solo. No estúdio da Rádio Brasil Atual, ela conta sua trajetória e, claro, solta a voz

Divulgação

Drik Barbosa chamou a atenção do público ao lado de Emicida e, em 2018, lançou seu primeiro EP, intitulado “Espelho”

São Paulo — O programa Hora do Rango desta quinta-feira (21) recebe Drik Barbosa, jovem rapper surgida na “Batalha do Santa Cruz”, berço do rap contemporâneo, em São Paulo. Em 2013, ao lado de Emicida, ela participou da música Aos Olhos de uma Criança, trilha do filme O Menino e o Mundo e, dois anos depois, sua voz chamou a atenção na música Mandume, lançada também por Emicida. Desde então, colaborou em faixas de artistas como Flow MC, Amiri, Marcello Gugu, Projota e DJ Caique.

Em 2018, ao lançar o EP Espelho, que transita entre o rap e o R&B, Drik pôde delinear melhor sua personalidade e mostrar sua potência no palco. Cantora, compositora e integrante do coletivo Rimas & Melodias, ela compôs cinco músicas em que, afirma, expressa bem sua personalidade.

“Foi um processo bem íntimo, cada faixa é como se fosse uma conversa comigo mesma, sobre estar encarando meus sentimentos, lutas e pensamentos. Por isso o nome ‘Espelho’, por eu estar diante de mim e expondo essas emoções e vivências sem medo”, explica a jovem paulistana de 25 anos.

Agora em 2019, Drik Barbosa se prepara para lançar o seu primeiro disco-solo e vem ao Hora do Rango para contar sua trajetória e, claro, soltar a voz.

Quem passou na semana

O Hora do Rango de quarta-feira (20) apresentou a música versátil e contemporânea do Iroko Trio. O grupo transita com maestria por uma ampla obra musical da América Latina, misturando composições autorais com clássicos latino-americanos.

Nessa pegada, o trio cria espaço para peças imponentes como Danzón Nº 2, de Arturo Márquez, e intimistas, como Memória e Fado, de Egberto Gismonti. Os arranjos exploram a profundidade e a amplitude de cada um dos instrumentos, indo quase ao seu limite técnico.

Iroko Trio é composto por Carla Rincón (violino), Elodie Bouny (violão) e Marcelo Caldi (sanfona), três instrumentistas com brilhantes carreiras individuais, cujas trajetórias cosmopolitas se conectam e contrapõe com maestria a concepção erudita às formas populares.

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Lenda e realidade

Diz a lenda que Carcaju é uma mulher que recolhe ossos de lobas mortas e entoa cantos sobre eles a fim de curar o que está doente ou precisa de restauração, fazendo-as renascer em forma de mulher. A história, contada no livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés, foi a inspiração para o nome da banda Carcaju, que participou do programa Hora do Rango de terça-feira (19).

“Todo o meu cantar tem a ver com algo sagrado pra mim, então, no momento em que estava lendo essa obra, a lenda que guia todo o processo do livro me despertou muito interesse”, explica a vocalista Claudia Nishiwaki Dantas. Além dela, o grupo é composto por Felipe Rezende (bateria), Pedro Canales (baixo), Ivan Liberato (violão e backing vocals), e Rodrigo Passos (guitarra e vocal).

O grupo se prepara para lançar o primeiro álbum, também chamado Carcaju, viabilizado por meio de financiamento coletivo e finalizado em outubro de 2018. O álbum traz como espinha dorsal o feminino e as várias formas como ele se manifesta pelo sagrado, o desejo, a maternidade e o meio urbano. São 10 canções, com uma mescla de gêneros e ritmos da música popular brasileira, guitarra elétrica distorcida, violão acústico, batuques e linhas de baixo elaboradas, dialogando com o rock progressivo e a cultura pop.

“As principais mensagens desse trabalho são a do despertar, como ser e se tornar mulher e compreender o meio que nos envolve”, diz Claudia. Segundo ela, foi no processo de produção do disco que começou a compreender a si mesma, instintivamente, sem o filtro social que molda a mulher contemporânea. “As letras expressam a minha essência mais primordial, de mulher selvagem.”

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Fora da caixinha

O Hora do Rango abriu a programação semanal segunda-feira (18) com a sonzeira do grupo Francisco, El Hombre, que apresentou seu novo álbum, Rasgacabeza, um trabalho que, segundo a própria banda, “não é de meios termos, nem de meias palavras”.

“Ora soa freak, ora soa punk, ora soa do jeito que tem que soar – fora da caixinha de definições pré-estabelecidas – para fazer reverberar a proposta da banda de expurgar vivências, urgências e o que mais estiver entalado por meio de canções”, explica o grupo formado por Juliana Strassacapa, Mateo Piracés-Ugarte, Sebastián Piracés-Ugarte, Andrei Martinez Kozyreff e Rafael Gomes.

Sucessor do álbum Soltasbruxa (2016), que levantou questões sociopolíticas, feministas e de igualdade, Rasgacabeza procura manter um discurso latente, com uma linguagem mais eletrônica e tons mais agressivos. As músicas trazem o caos urbano como premissa estética e procuram cutucar feridas abertas. O álbum começa com a música Chama adrenalina: gasolina, seguido pela faixa Chão teto parede: pegando fogo.

“O Brasil estava em uma situação política muito tensa e queríamos que tudo inflamasse”, recorda-se Sebastián. “É um pouco niilista o pensamento de que tem que queimar tudo para que então ressurja, mas, no calor do momento, era o que a gente estava vendo como solução”, complementa.

Produzido pelos irmãos Mateo e Sebastián Piracés-Ugarte, junto aos demais integrantes da Francisco, el hombre, Rasgacabez foi gravado pela própria banda, boa parte em meio às turnês pelo Brasil e pela América Latina. Uma caixa foi captada em Santiago, no Chile; um beat foi registrado no avião; uma guitarra gravada em Goiânia. Parte do trabalho foi feito no estúdio Costella com Alexandre Capilé, enquanto a mixagem ficou por conta de Pedro Garcia, baterista do Planet Hemp. A masterização é de Fernando Sanches, do estúdio El Rocha.

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