Brasil na COP27

‘Tentam desmontar tudo o que é da área social’, afirma Lula sobre o teto de gastos

Em encontro com a sociedade civil que abriu os trabalhos da COP27 nesta quinta, presidente eleito mandou recado para o mercado financeiro: “Não adianta ficar pensando só em dado fiscal, mas em responsabilidade social”

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula com representantes da sociedade civil em seu primeiro evento desta quinta na COP27

São Paulo – No segundo dia de agendas na COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva teve encontro com a sociedade civil. A agenda desta quinta-feira (17) inclui também evento com os povos indígenas. No evento inicial de hoje, Lula destacou a importância do combate à pobreza e desigualdade, diante da necessidade de manter responsabilidade fiscal.

“Não adianta ficar pensando só em dado fiscal, mas em responsabilidade social”, afirmou Lula. “O que é o teto de gastos? Se fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros do sistema financeiro que pagamos todo ano, mas mantivéssemos os benefícios, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da educação, da cultura. Tentam desmontar tudo aquilo que é da área social.”

Ministério da Cultura

No encontro, Lula destacou também a importância de recriar o Ministério da Cultura. “Vamos criar o Ministério da Cultura, fazer o país fervilhar do ponto de vista da cultura, inclusive levá-la onde tem que estar, não apenas no teatro municipal, mas à periferia do país”, garantiu o presidente eleito.

“Queremos estar onde muitas vezes a sociedade branca não está. Fazer um país mais humano. Se não resolvermos a situação social, não vale a pena governar o país”, afirmou ainda. “A gente não tem que ter medo de ouvir as coisas ou de ouvir o que não gostamos de ouvir. Quando se dispõe a governar o país, não tem que pensar só nas coisas boas. Tem que ouvir e ter a humildade para ver que está errado. O Brasil precisa ser recuperado. Quero provar que é possível aumentar salário mínimo, gerar empregos, ter mais pessoas pobres na universidade, na escola técnica.””Vamos pegar um país pior do que em 2003, com o desmonte e descrédito das instituições”, disse o presidente eleito.

Relação com a sociedade

“Passamos a ter um Executivo sem nenhuma relação com a sociedade brasileira. Que, em quatro anos, não se reuniu com ninguém da sociedade civil, mas ofendeu mulheres, negros, periferia, portadores de deficiência. A nossa tarefa é recuperar, porque eu não vejo o Brasil dar certo sem envolver a sociedade nas decisões. Vamos fazer conferências com a juventude, com os povos negros, com as mulheres.”

Lula finalizou o discurso sob aplausos e coros de “o Brasil voltou”. Ele voltará às 10h para reunião com os indígenas. No fim da tarde, terá encontro com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.