Retomada

Equipe de transição defende integração do BNDES ao futuro Ministério da Indústria e Comércio Exterior

Futuro governo identifica desmonte do setor industrial no país. Prioridade é retomar capacidade de financiamento dos setores produtivos

Arquivo/EBC
Arquivo/EBC
Uma das medidas para reverter o cenário de desmonte das políticas industriais do país é retomar o protagonismo do banco público de fomento ao desenvolvimento

São Paulo – Em exposição à imprensa nesta quarta-feira (7), o Grupo de Trabalho (GT) de Indústria, Comércio e Serviços da equipe de transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva fez um diagnóstico do resultado de quatro anos de governo Bolsonaro. Os técnicos afirmaram que o cenário é de desmonte das políticas públicas voltada ao setor, e que o futuro governo deve revogar uma série de atos do atual presidente. Uma das medidas para reverter o cenário é retomar o protagonismo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Coordenador do GT, o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto afirmou que o novo governo retomará o Ministério da Indústria e Comércio Exterior, extinto por Bolsonaro. “Temos um quadro de um país com a indústria cada vez com menor participação no PIB (…) Precisamos de um ministério que tenha força para realizar políticas industriais”, disse.

O Brasil nunca deixou de ter uma pasta dedicada ao setor após a redemocratização, apenas durante o período bolsonarista.



Incorporação do BNDES

“A indústria de transformação sofre muito. Isso precisa de reversão”, completou o coordenador. Para isso, uma das principais propostas é de trazer o BNDES para o Ministério da Indústria e Comércio. Também está em estudo incorporar a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

De acordo com levantamento do GT, financiamentos no setor de infraestrutura do BNDES estão no menor patamar de participação no PIB de sua história. Durante os governos Lula, assim como no de Dilma Rousseff, o banco desembolsou até 1,25% do PIB para estradas, saneamento, ferrovias etc. Hoje, este índice está em 0,25%. “É a menor dotação percentual do banco desde a criação, em 1972”, reforçou o coordenador do governo de transição, Aloizio Mercadante.

“O banco está acanhado, sem capacidade de financiamento, sem impulsionar indústrias ou pequenas e micros empresas. Existem instrumentos modernos para aumentar a capacidade de crédito. Especialmente para financiamento de médio e longo prazo. O Brasil não tem mecanismo eficiente de médio e longo prazo no setor privado (…) O Brasil precisa ser uma fábrica de projetos, empresas de base tecnológica”, completou Mercadante.

Impulso

O novo governo brasileiro deverá ampliar os financiamentos no setor industrial e também na área de serviços, com a concessão de linhas de créditos especiais. “Temos que avançar na inovação, na indústria 4.0, na economia verde. Isso tudo terá comando do ministério com a participação efetiva de vários setores do governo”, acrescentou Rigotto.

O ex-governador reforçou a importância do BNDES sob comando da pasta para “instrumentalizar” os projetos. Ele defendeu que há espaço no orçamento para reestruturar o setor. “Não estamos fazendo apenas uma radiografia. Vamos trabalhar com estruturas já existentes e instrumentalizar o ministério para políticas efetivas de recuperação da indústria, emprego e renda (…) A lucratividade (atualmente), ao invés de se transformar em financiamento, desenvolvimento e investimento, ela é toda transferida para o Tesouro Nacional (mercado financeiro). Existe uma política deliberada de descapitalização (do setor produtivo)”, finalizou.


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