Ações e relações

PGR pede a prisão do senador Sergio Moro

Pedido tem fundamento no suposto ato de calúnia do ex-juiz contra o ministro do STF Gilmar Mendes. Outras investigações pesam sobre Moro

Lula Marques
Lula Marques
O senador atuou com "objetivo claro de depreciar e descredibilizar" o trabalho de Mendes no Supremo

São Paulo – A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu hoje (17) a prisão do senador Sergio Moro (União Brasil). O ex-juiz da Lava Jato teria cometido calúnia contra um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ao dizer que Gilmar Mendes “vende habeas corpus”. Entende-se por calúnia imputar falsamente conduta criminosa. Na denúncia, a PGR pede ainda que, se a pena estipulada for maior que quatro anos, ele deva perder o mandato.

Ainda de acordo com a PGR, o senador atuou com “objetivo claro de depreciar e descredibilizar” o trabalho de Mendes no Supremo. Agora, o senador deve ser notificado para que apresente defesa preliminar em 15 dias úteis. Em nota enviada à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Moro diz que sua fala “foi retirada de contexto, tanto que foi divulgado só um fragmento, e não contém acusação contra ninguém”.

Mais processos de Moro

O ex-juíz ainda está envolvido em uma outra investigação criminal, como suspeito. Trata-se do caso do advogado Rodrigo Tacla Duran. O corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, determinou a realização de diligências para apurar a conduta do desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF4), em Porto Alegre.

O tribunal é a segunda instância para onde são enviados processos da Operação Lava Jato depois de serem julgados na 13ª Vara Federal de Curitiba. Lá atuava Moro, antes de abandonar a magistratura para aderir à política, virando ministro de Bolsonaro – que ajudou a eleger ainda na condição de juiz. Tacla Duran denuncia um suposto conluio entre magistrados, que envolve, inclusive, membros do Ministério Público, em processos da Lava Jato.

Salomão questiona possíveis relações promíscuas de Moro com Malucelli com finalidade de prejudicar Tacla Duran. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quer entender se há suspeição dos magistrados para julgar o ex-advogado da Odebrecht. Malucelli e a Justiça Federal do Paraná terão cinco dias para esclarecer os fatos.

Malucelli, no mês passado, acatou pedido de prisão de Tacla Duran após o advogado fazer acusações contra o ex-juiz. Ele acusa, em uma notícia-crime, Moro e o atual deputado Deltan Dallagnol (Podemos), à época promotor do MP, de extorsão no curso do processo.

As relações entre o desembargador e o senador vão além das instituições. Malucelli é pai de João Eduardo Barreto Malucelli, sócio do escritório de advocacia de Moro e de sua esposa, deputada federal Rosângela Moro (União Brasil). Também há indícios de que João Eduardo seja namorado da filha do casal.

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