Reação popular

Petição por cassação de Nikolas Ferreira alcança 225 mil apoios em um dia

O bolsonarista é alvo de três notícias-crimes no STF por transfobia. Ministro André Mendonça ficará com a relatoria de duas das ações

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/TV Câmara
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/TV Câmara
Nikolas Ferreira também pode ter seu mandato cassado pela Câmara dos Deputado. PCdoB e PT acionaram Conselho de Ética da Casa para avaliar o caso

São Paulo – Uma petição exigindo a cassação do deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), pelo crime de transfobia, atingiu mais de 225 mil adesões em apenas um dia. Este texto foi atualizado às 20h15 desta sexat (10). O abaixo-assinado foi criado e divulgada pela também deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), nesta quinta-feira (9). “Enquanto nós nos articulamos no Congresso, precisamos da luta de todas vocês para provar que todas as mulheres romperão com a  violência que tanto nos persegue”, destacou a parlamentar em um trecho do documento. 

O caso em questão correu na quarta (8). Em pleno Dia Internacional da Mulher, Nikolas pediu a palavra na tribuna do plenário, onde colocou uma peruca loira na cabeça e ironizou a existência de mulheres transexuais. O deputado, que já responde na Justiça pelo crime de injúria racial por conta de uma fala transfóbica contra a também parlamentar Duda Salabert (MG), afirmou que “hoje eu me sinto mulher. Deputada Nicole”, iniciou. 

O bolsonarista seguiu com as agressões, afirmando que o lugar das mulheres estava sendo “roubado” por “homens que se sentem mulheres”. Ele ainda ironizou o movimento por igualdade de gênero e defendeu que as mulheres “retomem sua feminilidade concebendo filhos e casando”. O discurso transfóbico, contudo, causou indignação generalizada. Partidos, movimentos sociais e o Ministério Público ingressaram com ações no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Conselho de Ética da Câmara.

O que pode acontecer

Durante o discurso, Nikolas infringiu a Lei 7.716 de 1989, que trata de crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Desde 2019, a legislação também vale para casos de homofobia e transfobia por decisão do STF, que passou a equiparar o delito ao crime de racismo. O julgamento do caso pela corte pode resultar na perda de mandato do parlamentar. Duas das ações, porém, estão sob a relatoria do ministro do Supremo André Mendonça, definido por sorteio nesta sexta (10). 

Mendonça, pastor evangélico, foi indicado à Corte pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que, por sua vez, é próximo de Nikolas. Por outro lado, além de responder pelo crime, Nikolas também pode ter seu mandato cassado pela Câmara dos Deputados, conforme explicou ontem a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) à RBA. Ao lado do PT,  o partido entrou com uma representação no Conselho de Ética da Casa. O órgão deve ser o primeiro a opinar sobre a possiblidade de perda do mandato. 

A avaliação geral, dado o histórico do Legislativo, é que a cassação seja difícil, mas haverá pressão, de acordo com Jandira. No momento, é preciso esperar qual vai ser a composição do conselho, que nem composto está ainda, explica a deputada. “Se vai ser cassação, suspensão ou outra punição, é uma discussão que o conselho tem que fazer. Quando for instalado, vamos ver a tendência, mas vamos pressionar. Não é possível que um agente público vá à tribuna de um poder democrático, coloque uma peruca, faça um discurso daquele tipo e nada aconteça”, destacou. 


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