Ameaça real

‘Não é paranoia: Bolsonaro pode copiar no Brasil tentativa de golpe de Trump’

“Precisamos de solidariedade internacional nesse momento de graves ameaças à democracia do Brasil”, diz historiador James Green

Divulgação
Divulgação
Não é uma paranoia, uma fantasia, existe uma possibilidade de Bolsonaro copiar ações como a do Capitólio no Brasil. Trump queria estar na cabeça da invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro

São Paulo – Uma comitiva com 18 organizações da sociedade civil brasileira está nesta semana em Washington para debater os riscos de golpe nas eleições do Brasil. São entidades nacionais e internacionais com agendas ligadas aos direitos humanos, entre elas Instituto Vladmir Herzog, Conectas e o Washington Brazilian Office. A agenda, encontros com parlamentares, representantes sindicais e do governo norte-americano. A visita já conseguiu resultados. James Green, historiador especializado em estudos latino-americanos, avalia o encontro com o Departamento de Estado do governo de Joe Biden como “robusto”.

“Foi tão forte que eles emitiram uma declaração reafirmando a confiança na democracia brasileira e a esperança no reconhecimento do resultado das eleições”, disse. Green é presidente do conselho diretivo do Washington Brazilian Office e concedeu entrevista nesta quinta-feira (28) ao Bom para Todos, da TVT.

O presidente Jair Bolsonaro concorre à reeleição. Contudo, está em grande desvantagem para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante da iminente derrota, o político de extrema direita ataca instituições democráticas e articula com pares, inclusive do Exército, o descrédito do sistema eleitoral. O receio é de que, caso Lula vença como apontam as probabilidades, ou mesmo antes de as eleições se realizarem, Bolsonaro tente um golpe.

Ameaça real

“Não é uma paranoia, uma fantasia, pois existe uma possibilidade de Bolsonaro copiar ações como a do Capitólio no Brasil. Trump queria estar na cabeça da invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro. Achamos possível que Bolsonaro vai aprontar alguma coisa parecida (…) Precisamos de solidariedade internacional nesse momento difícil de graves ameaças à democracia. Cabe aos brasileiros eleger o presidente e os representantes. Mas é preciso que a comunidade internacional reconheça os resultados”, afirmou James Green.

Ele destaca que a principal mensagem é por um reconhecimento acelerado do resultado das eleições por parte da comunidade internacional. A ideia é não dar margem para investidas golpistas de Bolsonaro e seus aliados. “São ameaças golpistas que pedem movimentação da comunidade internacional. Isso vai ser muito importante. Se Lula for eleito presidente, com o pronto reconhecimento de Europa, EUA e América Latina, Bolsonaro não vai conseguir facilmente dar algum golpe contra os resultados eleitorais”, completou.

Assista às entrevistas de James Green ao Bom para Todos e de Rogério Sotilli ao Seu Jornal

Articulações

Além do encontro com representantes do governo norte-americano, também entraram na agenda articulação com parlamentares como o senador democrata Bernie Sanders. “Não é um pedido de intervenção. Sabemos, infelizmente, de uma história nefasta do apoio ao golpe militar de 1964 dos EUA. Agora, a iniciativa é de esclarecer para o público norte-americano e ao governo a realidade brasileira. Hoje, a comitiva se reuniu com centrais sindicais norte-americanas. A ideia é pedir apoio dos EUA pare que reconheçam imediatamente o presidente eleito, sem qualquer demora, para evitar iniciativas golpistas”, disse Green.

“Até agora a posição de Biden é de que tem confiança total no sistema eleitoral brasileiro. Eles estão curiosos sobre o resultado das eleições. Nossa posição é de manter essa articulação nessa semana neste sentido. Nós que trabalhamos nos EUA sobre questões brasileiras, descobrimos que seria muito mais fácil informar o público norte-americano sobre a realidade do Brasil a partir das questões do Trump. Políticas antidemocráticas contra movimentos populares, contra conquistas realizadas pela democracia. Eles entendem a partir do momento em que Trump dirigiu uma tentativa de derrubar o governo e organizar um golpe. É quase evidente que ele que organizou isso. E a mesma coisa pode acontecer com o Brasil”, afirma.


Leia também


Últimas notícias