Chapa esquenta

Ministro Juscelino Filho tem até segunda-feira para ‘provar’ a Lula que é inocente

Apesar da enorme bancada de 61 deputados e três ministros na Esplanada, o União Brasil rende mais problemas do que apoio ao governo

Roque de Sa/Agencia Senado
Roque de Sa/Agencia Senado
Ministro não declarou ao TSE patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões relativos a cavalos da raça

São Paulo – A chapa que pode vir a “fritar” o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, está em fogo alto. Um dos três  indicados ao governo pelo União Brasil (UB), ele está centralmente envolvido em denúncias que vão de ocultação de patrimônio, passam pelo uso indevido de aeronaves do governo ao uso de orçamento secreto para beneficiar uma propriedade da família. E agora tem pouco tempo para conseguir argumentos para permanecer na pasta. Nesta quinta-feira (2) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu até prazo.

“Eu já pedi para o Rui Costa (ministro da Casa Civil) para convocar ele para segunda-feira (6), para a gente ter uma conversa. Porque ele tem direito de provar sua inocência. Mas, se ele não conseguir provar sua inocência, ele não pode ficar no governo”, disse o presidente à BandNewsFM. Lula afirmou também que tentou conversar com Juscelino durante a semana, mas o ministro “está no exterior a serviço do ministério, num encontro de telecomunicações”.

A nomeação do deputado do União Brasil foi criticada por aliados de Lula desde o início, e até mesmo por setores da mídia alternativa. Além de não ter afinidade com a complexa temática das comunicações, ele é um nome ligado claramente à direita. Para piorar, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que Juscelino não declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões relativos a cavalos da raça Quarto de Milha que possui.

E, como cereja do bolo, o mesmo jornal trouxe à luz que Juscelino Filho nomeou o advogado Antonio Malva Neto como diretor do poderoso Departamento de Radiodifusão Privada da pasta. Neto é sócio do empresário Willer Tomaz, “parceiro e amigo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)”.

Problemas esperados

Os problemas com os ministros da cota do UB no governo eram esperados. Atualmente, a agremiação tem três nomes na Esplanada dos Ministérios: além de Juscelino, Daniela do Waguinho (RJ), no Ministério do Turismo, e Waldez Góes (AP), na Integração e Desenvolvimento Regional.

A legenda nasceu da fusão do PSL (que elegeu Jair Bolsonaro em 2018) e do DEM, o antigo PFL. Apesar de ter 61 deputados e nove senadores, uma aliança com a enorme bancada não é promessa de votos. O próprio presidente do UB, Luciano Bivar, já declarou à imprensa que o partido deve votar com o governo somente quando for “de interesse do Brasil”.

Dos três ministros, Waldez Góes é o único que ainda não rendeu problemas a Lula, apesar de estar envolvido em um processo por peculato ainda em andamento. Ele e Juscelino Filho foram indicados pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Daniela Carneiro é conhecida como “do Waguinho” porque herdou o apelido do marido, o prefeito de Belford Roxo e presidente estadual do UB no Rio de Janeiro, Wagner dos Santos Carneiro. Ela foi alvo de reportagens que mostravam que sua candidatura à Câmara foi supostamente apoiada por milicianos. Mas continua firme no governo.

Quem avisa amigo é…

Na primeira reunião ministerial do governo, em 6 de janeiro, Lula fez uma afirmação entendida como um aviso à ministra do Turismo, já que, então, as denúncias contra ela estavam no auge. “Estejam certos que eu estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins”, disse o presidente.

Ele acrescentou: “Quem fizer errado, sabe que tem só um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo. E se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça”.


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