São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne às 16h, nesta segunda-feira (6), no Palácio do Planalto, com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho – ministro indicado ao presidente pelo União Brasil (UB). No cardápio, outra denúncia pode complicar ainda mais sua situação, já dificultada pelas revelações de envolvimento direto em casos de ocultação de patrimônio, uso indevido de aeronaves do governo e uso de verbas parlamentares do orçamento secreto para beneficiar propriedade da família.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Gustavo Gaspar, sócio de Juscelino no haras onde ele cria seus cavalos de raça, estava lotado no gabinete da liderança do PDT no Senado. “No local onde deveria trabalhar, ninguém conhece Gustavo Gaspar, embora ele tenha salário de R$ 17,2 mil, um dos maiores do gabinete”, diz o jornal, em matéria publicada também hoje. Gaspar seria sócio da irmã do ministro, a prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Rezende.

Dois dias depois da constatação de que Gaspar não dava expediente no local, seu cargo mudou e passou a ser na Segunda Secretaria do Senado, chefiada pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA), que seria um dos “fiadores” da indicação de Juscelino para o comando do Ministério das Comunicações. A reportagem também não localizou Gustavo Gaspar na Segunda Secretaria, onde a publicação afirma que duas servidoras disseram não saber do que se tratava.

O partido de Juscelino, por sua vez, desconversa sobre as acusações e ataca a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR). No domingo, o deputado Elmar Nascimento (BA) e o senador Efraim Filho (PB), líderes do União Brasil na Câmara e no Senado, respectivamente, divulgaram nota afirmando que “o ministro sempre teve uma atuação respeitada no parlamento”.

Partido de Juscelino desconversa

“Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do País – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos”, diz a nota sobre Gleisi.

Um dos três indicados ao governo pelo UB, Juscelino terá de justificar a Lula as denúncias de ocultação de patrimônio, relativa aos seus cavalos, uso indevido de aeronaves da FAB e o uso de orçamento secreto para construir uma estrada que passa em fazendas da família. Ele teria direcionado R$ 5 milhões para essa obra em Vitorino Freire (MA).

Segundo Lula, Juscelino “tem direito de provar sua inocência, mas se ele não conseguir provar sua inocência, ele não pode ficar no governo”. À CNN, Juscelino afirmou que irá “esclarecer tudo” na reunião que terá com Lula, em Brasília. Ele estará “municiado” para explicar as acusações.