Em Montevidéu

Lula defende acordo entre Mercosul e União Europeia, para depois negociar com a China

Ao lado de Lacalle Pau, presidente do Uruguai, Lula afirmou que acordo com os europeus é “urgente e necessário”, e que entendimento com “amigos” chineses é “possível”

Ricardo Stuckert / PR
Ricardo Stuckert / PR
Presidente uruguaio disse que vai "avançar" nas negociações com a China, mas pode "se ajustar" ao Brasil

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta-feira (25), em Montevidéu, após reunião com o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, que um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) é “urgente e necessário”. Após o acordo com os europeus, disse que é “possível” negociação entre o bloco sul-americano e os “amigos” chineses.

“O que disse ao presidente Lacalle, e tenho dito aos meus ministros, é que nós vamos intensificar as discussões com a União Europeia. E vamos firmar esse acordo, para que a gente possa discutir apenas um acordo entre China e Mercosul. E acho que é possível”.

O Uruguai tem pressa para estreitar suas relações comerciais com os chineses. Mas uma negociação bilateral coloca em risco o funcionamento do Mercosul. “O Uruguai vai avançar nas suas negociações com a China, o Brasil pode paralelamente fazer seu caminho e, após isso, nós vamos compartilhar tudo que foi negociado, e o Uruguai pode se ajustar ao que o Brasil propor”, declarou Lacalle Pou, ao lado de Lula.

Nesse sentido, o presidente uruguaio ressaltou o peso econômico e demográfico do Brasil. Mas defendeu um Mercosul “moderno, flexível e aberto ao mundo”. “Não brigamos, mas simplesmente marcamos pontos de diferenças para melhorar o Mercosul”, pontuou Lacalle Pou. “O Uruguai tem necessidade de se abrir ao mundo, e o Mercosul pode vir junto. Já temos negociações em andamento”.

Em resposta, Lula afirmou que pretende conversar para “modernizar o bloco” – primeiro entre os técnicos dos governos dos quatro países, em nível ministerial, e, posteriormente, entre os presidentes. Destacou que na sua relação com os demais chefes de estado “não tem viés ideológico”. Para ele, o mais importante é a defesa da soberania de cada país e a defesa do bem-estar de cada povo.

Brasil semidestruído

Durante o discurso, Lula afirmou que herdou um país “semidestruído”. Lembrou que, quando deixou a presidência, em 2010, o Brasil figurava como a sexta maior economia do mundo. Atualmente, ocupa a 13ª posição. Disse, no entanto, que esse desafio não o deixa “triste”, mas com “coragem”, e o obriga a “estabelecer metas”.

“O Brasil não tinha mais fome quando deixei a presidência da República. E hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome. Significa que quase tudo que nós fizemos de benefício social em meu país, em 13 anos de governo, foi destruído em sete. Três do golpista Michel Temer, e quatro do governo Bolsonaro”.

Lula brincou com o Lacalle Pau, dizendo que a única mágoa que ele tem do Uruguai é por conta da vitória sobre o Brasil na Copa de 1950. Além disso, afirmou que, se fosse presidente do Corinthians, teria levado para o seu time do coração o atacante uruguaio Luiz Suaréz, recém contratado pelo Grêmio. Ao final, afirmou que vai visitar o ex-presidente uruguaio José Mujica, a quem chamou de “irmão”.


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