É justo

Flávio Dino: ‘Quem pregou golpe terá de ser responsabilizado’

Futuro ministro da Justiça convoca população a participar da festa da posse, em 1º de janeiro. “Quanto mais gente, mais segurança para Lula”. Mauro Vieira, das Relações Exteriores: missão é recolocar o Brasil no centro das decisões

MRE/Divulgação - Marcelo Camargo/ABr
MRE/Divulgação - Marcelo Camargo/ABr
Os futuros ministros de Lula, Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Flávio Dino, da Justiça: devolver ao Brasil o papel de protagonista e a normalidade democrática

São Paulo – Em sua primeira entrevista na condição de ministro da Justiça confirmado do novo governo Lula, o senador eleito e ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) disse que não promoverá nenhum tipo de perseguição em sua gestão, mas simplesmente justiça. “Quem estiver fora dessa regra, será responsabilizado”, assegurou. “Não há vingança, mas Justiça. Ninguém vai fazer perseguição. Mas se não houver responsabilização, estaremos aplicando a desautoridade.”

Flávio Dino respondia ao Boa Noite 247 sobre a postura de alguns diretores de órgãos importantes de seu ministério no atual governo de Jair Bolsonaro. Caso, por exemplo, do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasquez. Ele é acusado de omissão na tentativa de desmobilizar os bloqueios golpistas nas estradas após as eleições e também de articular ações para impedir eleitores de Lula de votar no segundo turno.

O futuro ministro defendeu que as polícias do país “se pautem exclusivamente pela legalidade”. Sobre a PRF, afirmou que a indicação para a diretoria-geral também “levará em conta o critério de que a polícia não pode estar a serviço de nenhuma facção, e sim do país”.

Neste sentido, ele reforçou as qualidades do delegado Andrei Rodrigues, indicado por ele como diretor-geral da Polícia Federal.

Segurança de Lula

Questinado sobre a preocupação com a segurança de Lula no dia da posse, em 1º de janeiro, Dino respondeu que, “quanto mais povo na festa”, maior será a segurança do presidente eleito. Bolsonaristas ainda inconformados com o resultado da eleição têm se mobilizado em número crescente em Brasília e ameaçam um movimento para não permitir a posse, inclusive com ameaças de assassinato.

“Posso afirmar sem medo algum: todos podem e devem – quem puder, claro – se dirigir a essa belíssima festa democrática. Esses pequenos grupos vão se dissipar até lá. Aqueles que insistirem serão contidos pela força legítima exercida pela Polícia Federal e pelo Governo do Distrito Federal, que tem sido colaborativo”, afirmou.

“A principal segurança do presidente da República é a junção desses mecanismos institucionais com o povo. As pessoas ali na Esplanada, isso também tem uma força dissuasória entre aqueles que podem eventualmente ter um delírio. Eu não vejo isso no horizonte, mas todas as providências estão sendo tomadas para que não haja nenhum tipo de ação violenta”, concluiu Flávio Dino.

Brasil e o mundo

Por sua vez, outro dos anunciados como ministro do novo governo, o embaixador Mauro Vieira, afirmou ainda ontem (9) que vai assumir o Ministério das Relações Exteriores com a missão principal de recolocar o Brasil no centro das grandes decisões internacionais.

“Política externa é um instrumento da afirmação internacional do País e de defesa da soberania, da presença no mundo. O Brasil esteve ausente do mundo e dos grandes centros de decisão nos últimos anos. Todas as medidas que se tomam são importantes nesse sentido, de trazer de volta o Brasil para o cenário internacional”, disse Vieira ao jornal O Estado de S. Paulo.

A declaração do diplomata faz crítica direta à política externa adotada pelo governo Jair Bolsonaro (PL), que resultou no isolamento internacional do Brasil e fez do país um verdadeiro pária das decisões de interesse mundial. Vieira disse ainda que o atual governo colocou “em segundo plano a agenda do multilateralismo – o termo chegou a ser vetado em documentos e discursos oficiais.”