Medida urgente

Equipe de Lula protocola PEC da Transição que garante Bolsa Família

A proposta permite R$ 175 bilhões para o Bolsa Família de R$ 600, além de prever R$ 23 bilhões para investimentos em projetos socioambientais ou relativos às mudanças climáticas

Reprodução TVT
Reprodução TVT
Governo quer cruzar informações para agilizar procedimentos. Entre eles, tirar da fila famílias vulneráveis que realmente necessitam do benefício do Bolsa Família, por exemplo

São Paulo – A equipe de transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protocolou nesta segunda-feira (28) no Senado a chamada PEC da Transição. A proposta tem como objetivo garantir o pagamento do benefício do Bolsa Família no valor de R$ 600. Para isso, prevê um montante de R$ 175 bilhões fora do teto de gastos, principal âncora fiscal em vigor no Brasil. Instituída com a Emenda Constitucional (EC) 95, praticamente congela os investimentos do governo, permitindo apenas a correção da inflação do ano anterior.

Assim, a PEC cria as condições fiscais para garantir o pagamento de R$ 600 às famílias em situação de pobreza no período de 2023 a 2026. E também de benefício voltado a famílias com filhos até 6 anos de idade. A medida é necessária porque o governo de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas, não deixou recursos. Em meio à crise econômica, 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil.

A PEC da Transição também mantém a previsão de até R$ 23 bilhões fora do teto em investimentos, totalizando R$ 198 bilhões. Nesse pacote estão investimentos em projetos socioambientais ou relativos às mudanças climáticas, que sejam custeadas por recursos de doações. É uma sinalização direta a aportes de programas como o Fundo Amazônia, com mais de R$ 4 bilhões bloqueados pela Noruega e Alemanha ao Brasil.

Novo governo terá de negociar PEC, diz relator

Outra novidade da PEC da Transição é determinar em quatro anos o prazo para o Bolsa Famíla ficar fora do teto. Uma versão preliminar, apresentada há duas semanas, não previa prazo.

O relator-geral do Orçamento de 2023 e autor da PEC, senador Marcelo Castro (MDB-PI), iniciou a coleta das 27 assinaturas necessárias para a tramitação. “Inicialmente havia a ideia de ser perene a excepcionalização do teto de gastos do Bolsa Família, mas, devido a muitas reações, chegou-se à proposta de quatro anos. É claro que tudo isso será fruto de intensas negociações. Dificilmente uma matéria entra no Congresso e sai da mesma maneira”, afirmou.

A intenção do PT era aprovar a PEC para a excepcionalidade do Bolsa Família sem o limite de quatro anos. Porém recuou. Há a possibilidade de alguns líderes no Congresso defender a exclusão do Bolsa Família do teto por dois anos ou até um. Isso para voltarem a negociar com o novo governo.

O texto da PEC não prevê a criação de uma nova âncora fiscal e assim substituir o teto de gastos. A extinção, aliás, foi defendida por Lula na campanha. Mas é possível que venha a ser incluída no processo de negociação.

A PEC para garantir o Bolsa Família começará a tramitar no Senado pela Comissão de Constituição e Justiça e segue ao plenário. Se for aprovada, será enviada à Câmara. Para ser promulgada, precisa ser aprovada em dois turnos em cada Casa, com três quintos dos votos. Ou seja, 308 na Câmara e 49 no Senado.

Redação: Cida de Oliveira, com informações do jornal O Estado de S.Paulo