Crime e chantagem

Empresário bolsonarista do RS ameaça fornecedores e funcionários se Lula for eleito

Além da verba a Bolsonaro, empresário doou R$ 300 mil para Onyx Lorenzoni, que disputa governo gaúcho no 2º turno contra Eduardo Leite

Reprodução/Redes Sociais
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Empresário e vice-prefeito da cidade de Não-Me-Toque Gilson Lari Trennepohl com Bolsonaro, a quem doou R$ 350 mil

São Paulo – A fabricante de máquinas e implementos agrícolas Stara, do Rio Grande do Sul, fez circular uma carta a fornecedores na qual comunica que reduzirá sua base orçamentária “em 30%” e promoverá um grande número de demissões se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer as eleições. Um dos donos da empresa, Gilson Lari Trennepohl, é bolsonarista declarado e vice-prefeito da cidade de Não-Me-Toque, onde a empresa tem sua matriz.

A ameaça de redução de quadro é coação aos trabalhadores, o que é crime. A Stara já foi denunciada no Ministério Público do Trabalho (MPT), que já puniu caso semelhante. O comunicado (abaixo) foi compartilhado pela deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS), em seu Twitter.

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição recebeu doação de R$ 350 mil de Trennepohl. Gilson é filiado ao União Brasil. De acordo com o TSE, ao todo ele fez R$ 1 milhão em doações a candidatos de extrema direita.

Além da verba a Bolsonaro, foram mais R$ 300 mil para Onyx Lorenzoni, que disputa o governo gaúcho no segundo turno com Eduardo Leite (PSDB). Osmar Terra (MDB), um dos principais membros do “gabinete paralelo” da condução bolsonarista da pandemia de covid-19, recebeu R$ 50 mil e foi eleito deputado federal.

Aviso a fornecedores

“A empresa Stara está avisando seus fornecedores que demitirá parte de seus funcionários caso Lula ganhe no 2º turno. O dono é um dos princ. doadores de Bolsonaro e já foi beneficiado com + de R$ 2 BI pela sua gestão. Uma mão lava a outra e quem paga é o trabalhador! Isso é crime!”, escreveu Fernanda Melchionna (mantida grafia original do post).

O documento enviado aos fornecedores diz que “diante da parceria desenvolvida durante o passar dos anos para com a sua empresa, (a Stara) tem o dever de informar-lhes que, diante da atual instabilidade política e possível alteração de diretrizes econômicas no Brasil após os resultados prévios do pleito eleitoral deflagrado em 02 de outubro de 2022 e, em se mantendo este mesmo resultado no 2º turno, a empresa deverá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30% (trinta por cento), consequentemente o que afetará o nosso poder de compra e produção, desencadeando uma queda significativa em nossos números”.

O presidente do Sindimaquinas de Carazinho, Luiz Sérgio Machado manifestou surpresa ao saber da carta do empresário bolsonarista. Segundo ele, “o recado é para os fornecedores, mas o objetivo é atingir os trabalhadores”.

Confira cópia do comunicado da Stara: