Atenuando a culpa

Em depoimento à PF, Anderson Torres tenta reduzir importância da minuta do golpe

Ex-secretário de Segurança do DF e ex-ministro de Bolsonaro passou o dia em depoimento. Para ele, minuta era ‘totalmente descartável’ e ‘sem viabilidade jurídica’

Marcelo Camargo / Ag. Brasil
Marcelo Camargo / Ag. Brasil
Torres afirmou que em reunião preparatória para o dia 8 de janeiro, realizada dois dias antes, teve informações de que a manifestação de bolsonaristas não teria ações radicais

São Paulo – O ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, disse em depoimento à Polícia Federal que a minuta do golpe, encontrada em sua casa, é um documento “descartável” e “sem viabilidade jurídica”. O depoimento começou na manhã desta quinta-feira (2) e terminou há pouco.

A PF encontrou a minuta durante uma operação de busca e apreensão feita na casa de Torres. O ex-secretário está preso, investigado por omissão na segurança do DF no dia 8 de janeiro, quando vândalos bolsonaristas atacaram as sedes dos Três Poderes.

“Que considera a minuta do decreto totalmente descartável; que se tratava de um documento sem viabilidade jurídica; que não foi o declarante que colocou a pasta com o decreto na estante e que acredita que possa ter sido sua funcionária ao arrumar a casa; que não é por ter sido encontrado na estante é que teria importância; que na verdade já era para ter sido descartado”, registrou a ata do depoimento.

“Tudo adequado” para o 8 de janeiro

Anderson Torres afirmou ainda que em reunião preparatória para o dia 8 de janeiro, realizada dois dias antes, teve informações de que a manifestação de bolsonaristas, que já estava marcada, não teria ações radicais.

“Que indagado se recebeu informações ou informe de inteligência sobre as manifestações que ocorreriam no dia 08/01, respondeu que recebeu essas informações no dia 06/01, pela manhã. Essas informações não indicavam ações radicais. E que no dia 06/01 estava ocorrendo uma reunião convocada pela secretaria de operações integradas com os seguintes órgãos: PMDF, PCDF, CBMDF, DETRAN, DF Legal”, relatou Torres à PF.

Anderson Torres afirmou ainda no depoimento que, antes de assinar o protocolo para a segurança no dia 8, verificou que estava tudo adequado.

“Antes de assinar analisou integralmente o protocolo de ações integradas e verificou que dentro das atribuições da SSP constavam todas as diretrizes necessárias para que os órgãos de segurança pública realizassem seus deveres, com as informações que estavam disponibilizadas até então”, prosseguiu o depoimento, segundo informações do g1.

Diante disso, Torres informou que entendeu que poderia viajar para os Estados Unidos com a família. Ele não estava em Brasília no dia 8.

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“Ao perceber que todo o protocolo estava adequado para a manifestação que poderia ocorrer, ao colocar o Governador em contato com o secretário executivo, entendeu que poderia prosseguir com sua viagem familiar anteriormente planejada”, disse.


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