Criminosos

Caminhões usados em atos golpistas serviram o tráfico de drogas, contrabando e crime ambiental

Segundo a PRF, dos 177 veículos que saíram do norte de Mato Grosso para manifestações antidemocráticas em Cuiabá, seis têm envolvimento nesses crimes

Reprodução/Twitter
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A PRF bloqueou a documentação de todos os veículos. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou aplicação de multa aos proprietários no valor de R$ 100 mil

São Paulo – De acordo com relatório da Polícia Rodoviária Federal (PRF) enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), parte dos caminhões usados em atos golpistas em Cuiabá (MT) serviram também ao tráfico, contrabando e crime ambiental. Entre outras atividades, faziam o transporte de madeira extraída ilegalmente a Amazônia.

Segundo a Polícia, foram detectados um veículo envolvido em ocorrência de tráfico de drogas, um caminhão envolvido em transporte ilegal de madeira, um veículo envolvido com contrabando, um caminhão com registro de embriaguez ao volante e dois veículos com restrições judiciais.

A identificação foi feita ao passarem por uma praça de pedágio em Nova Mutum, a 269 quilômetros da capital matogrossense em 6 de novembro. Ao todo, foram identificados 177 caminhões no trecho, sendo 55 de Sorriso, 15 de Lucas do Rio Verde e dez de Nova Mutum. Deles, seis tinham registros em ocorrências policiais.

A PRF bloqueou a documentação de todos os veículos. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou aplicação de multa aos proprietários no valor de R$ 100 mil.

Financiador de atos golpistas e o tráfico de drogas

Um dos veículos de Sorriso está registrado em nome da Sipal Indústria e Comércio Ltda e de Sérgio Bedin. Segundo a Polícia, havia envolvimento no transporte de aproximadamente três toneladas de drogas, entre maconha e skunk, em Palhoça (SC), em outubro deste ano. A droga estava escondida em uma carga de farelo de soja. Duas pessoas foram presas.

Bedin é um dos empresários com contas bloqueadas por Moraes em novembro, sob suspeita de organizar e financiar atos golpistas em Mato Grosso e Brasília. O estado concentra 34 das 43 pessoas físicas e jurídicas envolvidas na liderança dos atos segundo o ministro. A lista inclui outras pessoas da família de Bedin.

Outra carreta usada em ato golpista esteve envolvida em crime ambiental em dezembro de 2021. Foi flagrada pela polícia enquanto transportava 40,1 metros cúbicos de madeira irregular em Rondonópolis, a 218 quilômetros de Cuiabá.

Mato Grosso no centro dos atos antidemocráticos

O estado se tornou um dos dos principais focos de manifestações antidemocráticas do país. Assim que as urnas confirmaram a derrota do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), seus apoiadores deram início ao trancamento de rodovias.

E em seguida, passaram a enviar veículos para Brasília, em apoio aos golpistas contrários à eleição de Lula (PT). Dos 166 caminhões que participaram de atos na capital federal, 50 partiram de Mato Grosso. Segundo a PRF, não há registro de bloqueios em estradas no estado no momento.

Os veículos são de propriedade de 28 empresas, sendo que 14 delas tiveram as contas bloqueadas pelo ministro Alexandre de Moraes. Desse total, cinco doaram à campanha pela reeleição. Apenas um dos empresários doou R$ 500 mil.

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(Com portal G1)