Mais diálogo

Brasil volta a integrar o bloco de países latino-americanos e caribenhos, a Celac

Decisão do governo Lula foi anunciada pelo Itamaraty aos países-membros nessa quinta-feira

Marcello Casal Jr. / ABr
Marcello Casal Jr. / ABr
Itamaraty: retomada de relações bilaterais no novo governo aponta para a restauração do país depois dos desmandos do governo Bolsonaro

São Paulo – Dois anos após deixar a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o Brasil voltará a integrar o bloco regional, composto por outros 32 países. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, a decisão foi anunciada ontem (5) aos representantes dos países-membros.

A medida também foi comunicada aos governos de países e de grupos de nações com que a Celac tem relações, como a União Europeia, China, Índia, Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e da União Africana. Ainda de acordo com o Itamaraty, o regresso brasileiro à Celac ocorrerá “de forma plena e imediata, a todas as instâncias do mecanismo [de concertação regional], tanto as de caráter político como as de natureza técnica”.

“O retorno do Brasil à comunidade latino-americana de Estados é um passo indispensável para a recomposição do nosso patrimônio diplomático e para a plena reinserção do país ao convívio internacional”, sustentou o Itamaraty, em nota.

Histórico

A Celac foi fundada em fevereiro de 2010. Com a participação direta do Brasil, que, ainda em 2018, sediou a I Cúpula de Países da América Latina e Caribe, reunindo representantes dos 33 países (incluindo o Brasil) que integrariam a Celac para discutir um projeto de integração regional.

Desde sua criação, a Celac tem promovido reuniões sobre os diversos temas de interesse das nações latino-americanas e caribenhas, como educação, desenvolvimento social, cultura, transportes, infraestrutura e energia, além de ter se pronunciado em nome de todo o grupo por ocasião de assuntos discutidos globalmente, como o desarmamento nuclear, a mudança do clima e a questão das drogas, entre outros.

Em janeiro de 2020, o governo chefiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu suspender a participação brasileira no grupo. A medida foi anunciada pelo então chanceler, Ernesto Araújo. Em sua conta pessoal no Twitter, o ministro justificou a medida afirmando que “a Celac não vinha tendo resultados na defesa da democracia ou em qualquer área. Ao contrário, dava palco para regimes não-democráticos como os da Venezuela, Cuba, Nicarágua”. O fim do bloqueio norte-americano a Cuba é uma reivindicação histórica do bloco.

Diplomacia

A decisão de reintegrar o Brasil à Celac faz parte do projeto de “restaurar a diplomacia brasileira” e reconstruir pontes com países sul-americanos, anunciado pelo presidente Lula ainda durante a última campanha eleitoral.

Já eleito, Lula viajou para o Egito, onde participou da COP27, a Conferência do Clima das Nações Unidas. Na ocasião, ele disse que o Brasil está “de volta”, referindo-se ao desejo de assumir protagonismo global. Pouco depois, Lula anunciou que sua primeira viagem internacional já como presidente será para a Argentina, onde participará da Cúpula da Celac, agendada para o fim de janeiro.

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Segundo o chanceler Mauro Vieira, Lula pretende implantar uma política de reconstrução de pontes, em primeiro lugar com os vizinhos sul-americanos, restabelecendo todos os mecanismos de contato e negociação, e também com América Latina, em geral.


Com Agência Brasil


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