REVISTA BRASIL TVT

Ricardo Berzoini vê indício de relação entre joias de Bolsonaro e venda da Rlam

Ex-ministro entende que compra da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, pelo fundo Mubadala, é suspeita e pode ter ligação com presentes enviados pelos árabes para a família Bolsonaro

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O primeiro presente, que seria para Michelle, reunia conjunto de joias e relógio estimados em R$ 16,5 milhões

São Paulo – O ex-ministro Ricardo Berzoini entende que pode haver relação direta entre a venda pela Petrobras da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) e as joias enviada pelos árabes sauditas como presente para a família Bolsonaro. “Há, no mínimo, um indício dessa relação entre as joias e a venda da refinaria”, afirmou o também ex-deputado federal em entrevista concedida para o programa Revista Brasil TVT, da Rede TVT, na noite deste sábado (18). A Rlam foi comprada pelo fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, com preço muito abaixo do estimado.

“Quando você tem a venda de uma refinaria como a da Bahia é óbvio que a suspeita, por conta desses presentes, merecem uma investigação. Claro, não há provas ainda, a investigação é justamente para produzir provas, mas há muita suspeita. Devemos tratar com rigor”, disse Ricardo Berzoini (assista abaixo a íntegra da entrevista).

A venda da Landulpho Alves, a primeira refinaria instalada no Brasil, foi concluída no final de 2021 pelo valor de US$ 1,65 bilhão. A Petrobras havia definido preço de US$ 3,04 bilhões e o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Naturais e Biocombustíveis (Ineep), além de bancos de investimento como XP e BTG, apontou que as instalações valiam entre US$ 3 e 4 bilhões.

Investigação interna

Na quarta-feira (15), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) revelou que a Petrobras pretende abrir investigação interna para apurar possível relação entre a venda da refinaria e as joias sauditas que o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou se apropriar ilegalmente. Fontes da empresa ligadas à federação dizem que a estatal deve iniciar as apurações no mês que vem, após a troca do Conselho de Administração e a posse da nova diretoria.

Cinco anos de impunidade

O Revista Brasil TVT falou também com a vereadora do Rio de Janeiro Mônica Benício (Psol), viúva de Marielle Franco. O assassinato de Marielle completou cinco anos no dia 14 de março. Mônica Benício afirmou que cinco anos “é muito tempo para um crime como esse não ter sido elucidado”.

A vereadora, porém, mostrou-se mais otimista com o esclarecimento completo sobre o crime. “Nesse atual momento político, com esse novo governo federal, com um ministro da Justiça, que na sua fala de posse, diz que é uma questão de honra a elucidação desse caso, nos animou muito”, disse. “A gente confia, e porque confia continua cobrando das instituições como Ministério Público, como a Polícia Civil. A gente confia também nesse novo governo e nesse novo momento político.”

Do governo do Rio de Janeiro, porém, poucas expectativas. Mônica Benício conta que se recusou a participar de uma reunião com o governador Cláudio Castro. Argumentou que o encontro não acrescentaria nada e ainda mostraria um falso comprometimento com o esclarecimento desse caso. “Há um ano essa reunião aconteceu, também num dia 14. O governador disse que o Allan Turnowski, então secretário de polícia, era seu homem de confiança e no mesmo ano Allan Turnowski foi preso com envolvimento no jogo do bicho. Também tiveram várias mensagens vazando pela imprensa mostrando que o Allan era admirador e amigo pessoal do Ronnie Lessa, acusado de ser o atirador que assassinou a Marielle”, explicou. Assista abaixo a íntegra da entrevista.

Quem mandou matar?

Marielle foi assassinada na noite do dia 14 de março de 2018. Foi atingida dentro de um carro por três tiros na cabeça e um no pescoço. O motorista, Anderson Gomes, também foi morto com ao menos três tiros nas costas. As investigações levaram à prisão de dois executores. O policial militar reformado Ronnie Lessa, por ter atirado na vereadora, e o motorista e ex-policial militar Elcio de Queiroz. Os motivos e os mandantes do crime, porém, seguem sem elucidação.

A Polícia Civil teve cinco delegados responsáveis pelo caso e, no Ministério Público Estadual, três equipes diferentes atuaram no caso durante esses anos. A última mudança aconteceu há 10 dias, quando o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, escolheu sete novos promotores para integrar força-tarefa do Gaeco. As trocas constantes de comando receberam críticas de familiares e movimentos sociais nesses cinco anos, e levaram a suspeitas de obstrução nas investigações. No dia 22 de fevereiro, Ministério da Justiça e Segurança Pública colocou a Polícia Federal no caso após abertura de inquérito.

*Com Agência Brasil