Genial/Quaest mostra que Lula cresceu para 44%, aumentando a vantagem sobre Bolsonaro
Atual presidente fica estável em 34%, o que revela que suas estratégias de campanha não estão funcionando
Publicado 21/09/2022 - 08h02
São Paulo – Pesquisa Genial/Quaest sobre a corrida eleitoral para a Presidência divulgada nesta quarta-feira (21) mostra que a diferença entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) cresceu para 10 pontos, interrompendo uma série de três rodadas que mostravam aproximação entre eles. Da semana passada para esta, Lula cresceu dois pontos, para 44% dos votos, enquanto Bolsonaro se manteve com 34%. Segundo o diretor da pesquisa e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Felipe Nunes, os números “revelam um quadro bem negativo para o presidente”.
“Faltando 11 dias para o primeiro turno, o presidente passa a ter menos armas para tentar virar o jogo. O aumento no valor do Auxílio não gerou o resultado eleitoral esperado”, escreveu Nunes em sua conta no Twitter, ao divulgar os dados da pesquisa.
O apoio de líderes evangélicos que fez Bolsonaro crescer significativamente, parou de criar efeito, interrompendo a conquista de votos entre evangélicos antes de alcançar a marca dos 80% desejados pela equipe de campanha à reeleição. No caso das mulheres, Bolsonaro não consegue se aproximar de Lula, a distância continua sendo de 14 pontos. A rejeição do presidente cresceu entre as mulheres, enquanto a de Lula oscilou pra baixo.
A virada esperada pelo governo no Sudeste também não veio. Bolsonaro tem 38% dos votos do Sudeste, ou seja, aproximadamente 43% dos votos válidos – 10 pontos percentuais a menos do que ele obteve em 2018. No Nordeste, o presidente também tem desempenho abaixo do que ele obteve em 2018. Em votos válidos, ele teria hoje 23% dos votos da região, mas em 2018 obteve 26%.
O que explica o crescimento de Lula?
Segundo Nunes, alguns fatores estão sob o aumento da diferença entre os dois candidatos. Na economia, mesmo com as melhorias dos últimos dois meses, o percentual de quem acredita que a economia piorou no último ano ainda é muito alto, e oscilou para cima (45%).
Aumentou de 72 para 75% o número de eleitores que dizem que não viram redução no preço dos alimentos. Entre o eleitor de baixa renda, a situação do preço dos alimentos é ainda pior, 80% não viram redução de preço. Além disso, todas as medidas econômicas adotadas pelo governo para tentar baixar os preços ainda são vistas pela maioria como jogada política para tentar reeleger o presidente (59%).
Comunicação sem efeito
Além da economia, a comunicação de campanha de Bolsonaro também não tem conseguido os resultados desejados. Quem assiste aos programas na TV vota muito mais em Lula (47 x 40) do que em Bolsonaro (36 x 34).
O objetivo almejado, que era aumentar a rejeição de Lula com os ataques na TV, também não está sendo alcançado. A rejeição ao petista não aumentou, mesmo que aproximadamente 80% dos eleitores dele e de outros candidatos já tenham visto propagandas negativas contra o ex-presidente. “Não está funcionando”, afirma Nunes.
O levantamento ouviu 2 mil pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país, entre sábado e ontem (17 a 20). A margem de erro é de 2 pontos percentuais, e o nível de confiabilidade de 95%. Pesquisa registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o código BR-04459/22.
Haverá segundo turno?
Segundo a pesquisa divulgada hoje pelo Quaest, Lula tem atualmente 48,9% dos votos válidos, precisando de mais 1,2 ponto para atingir 50% e resolver a eleição no primeiro turno. A própria pesquisa mostra que a agregação de mais votos em favor de Lula é um horizonte possível.
Quando questionados, 26% dos eleitores de Ciro, Tebet e outros candidatos dizem que mudariam o voto para que Lula vencesse no primeiro turno. Isso dá o dobro do que Lula precisa para ganhar (aproximadamente 3 pontos percentuais).
“Esses votos viriam principalmente de eleitores de Ciro Gomes! Mesmo que Ciro não queira apoiar Lula, essa é uma decisão do seu eleitor, como se vê”, afirma o diretor da pesquisa.
O clima de opinião vai se formando em favor de Lula, o que pode despertar ainda mais o voto útil de última hora, acredita Felipe Nunes. Por exemplo, 49% acham que Lula é quem vai ganhar a eleição, enquanto 37% acham que Bolsonaro vence, mostra ainda a pesquisa. Em eventual segundo turno, Lula teria 10 pontos de vantagem em votos totais sobre Bolsonaro, com 55% dos válido.
Pesquisa PoderData
Pesquisa PoderData também divulgada nesta quarta-feira traz o ex-presidente Lula na liderança, com 44% das intenções de voto, número que cresceu um ponto em relação à pesquisa da semana anterior. Na pesquisa, Bolsonaro mantém 37%.
Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) registram 7% e 4%, respectivamente. Variaram 1 ponto para baixo cada um nos últimos sete dias.
Felipe d’Avila (Novo) manteve o 1% da rodada anterior. Soraya Thronicke (União Brasil), que não pontuava, foi a 1%. Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Padre Kelmon (PTB), Sofia Manzano (PCB), e Vera (PSTU) não tiveram menções suficientes para pontuar.
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