Agronegócios

Agrobolsonaristas estão entre os principais financiadores da campanha do presidente

Lista inclui nomes de proprietário incluído em caso de trabalho escravo ou multado pelo Ibama por desmatamento irregular

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São Paulo – Os ruralistas estão, até agora, entre os principais financiadores da campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. Na relação de pessoas que contribuíram para o atual presidente, disponível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os maiores valores vêm de representantes do agronegócio. Dos 10 primeiros, oito estão ligados ao setor. Alguns já tiveram pendências como ocorrência de trabalho escravo ou com o Ibama.

Até esta segunda-feira (5), de acordo com a Justiça Eleitora, as receitas obtidas por Bolsonaro somam quase R$ 18 milhões – seu partido contribui com a maior parte desse valor (R$ 10 milhões). O total líquido soma R$ 17.984.369,26. O primeiro nome da lista é o de Oscar Luiz Cervi, que doou R$ 1 milhão. Ao lado do irmão Telmo, ele começou a plantar soja nos anos 1980 em Coxim (MT). Expandiu o negócio, com milho e algodão, para Campo Novo do Parecis, no mesmo estado.

Motorista do presidente

O segundo lugar no ranking de doadores é a exceção ao grupo de ruralistas. O ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, que já dirigiu automóvel para o presidente, aparece com doação de R$ 501 mil.

Em terceiro, com R$ 500 mil, está Celso Gomes dos Santos, chamado de “Rei do Gado”. O pecuarista é de Rondonópolis, também em Mato Grosso. Em maio, o empresário, conhecido como Celso Bala, esteve com Bolsonaro e deu ao presidente um frasco com óleo ungido, que teria vindo de Jerusalém. 

Gado, madeira e máquinas

A lista de financiadores de campanha de Bolsonaro segue com Gilson Lari Trennepohl, que fez doação de R$ 350 mil para a campanha bolsonarista. Ele é vice-prefeito de Não-me-Toque (RS). Foi radialista e fez carreira no grupo Stara, de máquinas e implementos agrícolas. Seus filhos tocam o negócio. Também visitou o mandatário em maio, quando um grupo de empresários do setor conheceu pré-candidatos apoiados por Bolsonaro. Segundo o portal Metrópoles, a Stara já recebeu subvenção de R$ 2,1 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Com R$ 150 mil cada, estão Gilson Mueller Berneck e Cirineu de Aguiar. Em 2007, a Fazenda Paraná, em Brasnorte (MT), com criação de gado e Teca (tipo de árvore para produção de madeira), foi alvo de operação de grupo móvel de combate ao trabalho escravo. Foram resgatadas 47 pessoas em situação análoga à escravidão, sendo duas mulheres, em duas propriedades, pertencentes a Berneck.

Logo em seguida, Ronaldo Venceslau Rodrigues da Cunha aparece com R$ 101 mil dados à campanha do candidato do PL. Uma reportagem publicada em 2020 cita fazenda da família Cunha como alvo de multa do Ibama por desmatamento irregular. Conforme o texto, a JBS teria transferido animais da fazenda com multa para outra, uma prática conhecida como “triangulação de gado”. Um dos autores da reportagem foi o jornalista Dom Philips, do The Guardian, assassinado em junho.


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