Pela democracia

PF faz operação contra empresários que defenderam golpe se Lula vencer eleições

Oito empresários são alvos de mandados de busca expedidos pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Entre eles, estão Luciano Hang, da Havan, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu

Leopoldo Silva/Agência Senado
Leopoldo Silva/Agência Senado
Luciano Hang durante sua passagem pela CPI da Covid, no ano passado. Ele é um dos empresários bolsonaristas que defenderam golpe em grupo de mensagem

São Paulo – A Polícia Federal cumpre na manhã desta terça-feira (23) mandados de busca de oito empresários que, em um grupo no WhatsApp, defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vença o atual presidente, Jair Bolsonaro nas eleições deste ano. Os alvos são Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da rede de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii; André Tissot, do Grupo Serra; e Meyer Nigri, da Tecnisa. 

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De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, a operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os mandados de busca estão sendo cumpridos em 10 endereços residenciais e profissionais no Rio de Janeiro, Ceará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. O magistrado também autorizou que os empresários sejam ouvidos pela PF.

Pedido de investigação

A articulação dos empresários bolsonaristas veio à tona no último dia 17, quando o jornalista Guilherme Amado publicou em sua coluna no site Metrópoles as conversas em defesa do golpe. “A possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo que dá o tom do grupo de WhatsApp Empresários & Política, criado no ano passado e cujas trocas de mensagens vêm sendo acompanhadas há meses pela coluna”, afirmou o jornalista. 

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Com as ameaças às instituições democráticas, já no dia seguinte da publicação, a Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral – que reúne mais de 200 entidades – protocolou no STF uma notícia-crime contra o grupo. De acordo com a coalizão, o objetivo da investigação é buscar indícios e provas sobre a organização que busca atentar contra o Estado de Direito. As entidades argumentam ainda que a postura dos empresários bolsonaristas se enquadra no Inquérito 4.781, aberto para apurar ameaças e ataques a ministros do STF, e que tem como relator o ministro Alexandre de Moraes. 

O que dizem os empresários

Em paralelo, parlamentares também endossaram as cartas em defesa da democracia, publicadas neste mês diante da escalada golpista de Bolsonaro, que ameaça não aceitar os resultados das eleições em uma eventual derrota. 

Ao Metrópoles, Morongo afirmou que não apoia “qualquer ato ilegítimo, ilegal ou violento” e que se expressava com figuras de linguagem no grupo. Os empresários José Koury e Emílio Dalçoquio não quiseram se manifestar. E os demais também não retornaram o contato do colunista. Apenas após a repercussão, Luciano Hang, Afrânio Barreira e José Koury negaram ser a favor de um golpe. 

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