Minas Gerais

‘Governante tem que ser amigo de 215 milhões de brasileiros’, diz Lula em BH

Em Belo Horizonte, Lula exaltou Alexandre Kalil. “Não queremos governar. Queremos cuidar como a mãe cuida do filho”

Fotos: Ricardo Stuckert
Fotos: Ricardo Stuckert
"Quando tomei posse, em 2003, a inflação estava em 12%. Nós puxamos para 4,5%. Vocês estão lembrados? O Brasil tinha uma dívida de 65%, reduzimos para 39%."

São Paulo – “O governante não tem que ser arrogante, pedante, tem que ser um companheiro, um amigo de 215 milhões de brasileiros”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O líder nas pesquisas para ocupar o Planalto em 2023 participou hoje (18) de comício ao lado do candidato ao governo de Minas Gerais, Alexandre Kalil (PSD), em Belo Horizonte. Na Praça da Estação, região central de BH, Lula falou sobre o futuro do país e traçou um panorama de esperança para os próximos anos. Foi o primeiro grande comício da campanha eleitoral. Outro está programado para a manhã de sábado (20), no Vale do Anhangabaú, centro em São Paulo.

Lula não deixou de criticar Jair Bolsonaro, mesmo sem citar seu nome. “Estamos enfrentando uma pessoa desequilibrada mentalmente. Estamos enfrentando uma pessoa que acha que a polícia tem que matar e não prender. Que acha que tem que vender arma e não livro. Que tem que estimular o ódio e não o amor”, disse. “É exatamente o contrário do que queremos. Queremos uma sociedade da fraternidade, do carinho. Não queremos as pessoas odiando umas as outras. Queremos abraços, ajuda, não gente falando em Deus e cometendo pecado.”

A crise econômica que jogou o Brasil em um cenário de fome, insegurança, carestia e inflação nos anos de Bolsonaro pode ser combatida, argumenta o ex-presidente. “O Brasil de hoje está pior do que o Brasil de 2003, quando eu tomei posse. Quando tomei posse, em 2003, a inflação estava em 12%. Nós puxamos para 4,5%. Vocês estão lembrados? O Brasil tinha uma dívida de 65%, reduzimos para 39%. Pagamos a dívida com o FMI e emprestamos 15 bilhões. Hoje temos reservas juntadas nos governos do PT”, disse.

Representatividade

A resposta, para Lula, está na experiência e na representatividade. “Conseguimos cuidar o pequeno e do médio agricultor o país. Em 100 anos, a elite brasileira fez 140 escolas técnicas. Em 13 anos, fizemos mais de 500. Para nós, investir em educação, investir na infância, na escola, não é gasto. É investimento”, reiterou. “Estou voltando porque acredito no povo brasileiro. Quando minha cabeça não pensar mais, pensarei por vocês. Quando minhas pernas não andarem mais, andarei por vocês. Meu coração baterá por vocês. O povo vai consolidar a democracia.”

Ao trazer o público em defesa do candidato ao governo do estado, Kalil, Lula lembrou da importância de eleger candidatos parceiros de um projeto de desenvolvimento democrático. “Esse país tem que voltar para as mão de homens e mulheres que sabem construir. Eu, (Geraldo) Alckmin e Kalil, não queremos governar. Queremos cuidar como a mãe cuida do filho, como essa mulher na minha frente cuida do filho na cadeira de rodas”, disse.

“Eu já entrei para o coração do povo mineiro. E quero que o Kalil saiba que nós vamos ser parceiros. Minas será um estado forte, e eu estarei junto. Nós estamos de volta para fazer uma nova independência no país, que garanta a dignidade e o respeito para o povo.”

“Ato de amor”

O ex-prefeito de BH aposta no início da campanha para que a aliança com Lula se evidencie nas próximas semanas. O Datafolha traz o candidato do PSD com 23%, e Romeu Zema (Novo), com 47%. Por outro lado, lidera liedra as preferências no estado com 49%, ante 29% de Bolsonaro.

“Governar é  um ato de amor. É um ato de proteção. Todo mundo veio aqui porque quando a senzala lê a casa grande treme. Eu ouvi hoje do senhor governador que eu grito muito e eu grito mesmo. Foi no grito que nós abrimos um hospital de 480 leitos em Belo Horizonte. Foi no grito que eu construí posto de saúde nessa cidade a cada dois meses. Foi no grito que eu reformei 245 escolas. E é  no grito que nós vamos colocar eles pra fora”, disse Kalil.

A agenda de Lula nos próximos dias prevê ainda o lançamento do livro O Brasil e o Mundo, sobre as viagens presidenciais e a política externa de 2003 a 2010. O ex-presidente deve participar do ato, no Memorial da América Latina, em São Paulo, na tarde de segunda-feira (22). No dia seguinte, o petista deve se reunir com lideranças do Partido da Esquerda Europeia. Na quinta (25), será entrevistado pelo Jornal Nacional.


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