Bolsonaro no ‘JN’: 65% das menções nas redes sociais são negativas
Com 18 milhões de seguidores no Twitter, Anitta postou brincadeira sobre a “cola” que Bolsonaro trazia na mão esquerda
Publicado 23/08/2022 - 14h27
São Paulo – A entrevista de Jair Bolsonaro ao Jornal Nacional continua a repercutir nas redes sociais. Boa parte das reações à “sabatina”, avaliada por especialistas, indica que a postura do presidente parece ter sido a de quem falou a milhões de pessoas, mas não “furou a bolha” do seu público. Ou seja, foi como falar no “cercadinho”. Segundo Felipe Nunes, diretor do instituto Quaest, o desempenho de Bolsonaro no JN obteve 35% de menções positivas na média, contra 65% de menções negativas. A avaliação, segundo Nunes, foi medida pelo sistema de monitoramento de redes do instituto, que acompanhou a entrevista em tempo real.
O analista de redes sociais Pedro Barciela postou avaliação semelhante no Twitter. “Jair foi bem? Jair foi mal? Não tenho a menor condição de afirmar nada. Fato é que aqui, nesta plataforma, Jair Bolsonaro falou para convertidos e, ainda assim, não os empolgou”, afirmou Barciela. “Essa ‘falta de empolgação’ é ruim? Talvez. Fato é que o antibolsonarismo conseguiu, mais uma vez, expandir seu campo de atuação nessa mesma plataforma. Algo que, de novo, o bolsonarismo não conseguiu”, concluiu
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Com 18 milhões de seguidores no Twitter, no final da noite a cantora Anitta colocou uma postagem brincando com a cola que Bolsonaro trazia rabiscada na palma da mão. “Traduzindo o que tava escrito pq tava meio ilegível”, escreveu a artista, como legenda de uma montagem como se fosse a mão de Bolsonaro, que mostrava os termos “Mentir”, “Roubar obra do Lula”, “Defender corrupto no MEC” e “Negar desmatamento”. Na verdade, o presidente trazia na cola as palavras “Nicarágua”, “Argentina”, “Colômbia” e “Dario Messer”.
Neste último termo, trata-se do chamado “doleiro dos doleiros”, preso por ordem do juiz Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro, em 2019. Messer teria dito que, na década de 90, entregou de US$ 50 mil a US$ 300 mil à família Marinho, da TV Globo, “em várias ocasiões”.
Urnas e golpe
Segundo Felipe Nunes, os três momentos com mais críticas a Bolsonaro nas redes foram quando tratou de urnas e golpe, pandemia e corrupção. Questionado no JN se poderia se comprometer a respeitar o resultado das eleições, fosse qual fosse, o atual mandatário deu uma resposta ambígua. Assim, em última análise, deixou no ar que ainda acredita em golpe.
“Serão respeitados os resultados das urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes”, afirmou. De acordo com Nunes, um dos três momentos em que o entrevistado se saiu melhor foi quando supostamente “assumiu compromisso” com o resultado da eleição. Segundo a análise do diretor da Quaest, fora a questão eleitoral, os outros dois momentos em que o presidente se saiu melhor foram no debate com William Bonner sobre Alexandre de Moraes e ao responder sobre sua aliança com o Centrão.
No caso do Centrão, questionado sobre qual era para ele o real Centrão, se o que chamava de corrupto no passado, ou o atual, Bolsonaro deu uma resposta disparatada: “Você está me estimulando a ser ditador. O Centrão são aproximadamente 300 parlamentares. Se eu deixá-los de lado, vou governar com quem? Não vou governar com o Parlamento. Então, você tá me estimulando a ser um ditador”, disse.
Mentiras sem fim
Na entrevista ao JN, Bolsonaro continuou seu estilo de desfiar um fio de mentiras a cada questão incômoda em que se via. Por exemplo, ao falar sobre as vacinas contra a covid-19, disse que seu governo fez sua parte, quando todo o país conhece o boicote do próprio presidente aos imunizantes, principalmente da Pfizer e CoronaVac. Na época, ele também tripudiou ao imitar pessoas sem ar devido à covid-19.
De acordo com Pedro Barciela, “bolsonaro imita falta de ar” é uma das buscas em destaque no Google após a entrevista.
Pós-JN: o bolsonarismo (🟢) segue restrito a 23% dos atores e com dificuldade em dialogar com outros campos. Já o antibolsonarismo (🔵26%) vê novos usuários (🔴37%) engajados com o cluster. PS: "bolsonaro imita falta de ar" é uma das buscas em destaque pós entrevista no Google. pic.twitter.com/4vwrd4Rx8c
— Pedro Barciela (@Pedro_Barciela) August 23, 2022