No "cercadinho"

Bolsonaro no ‘JN’: 65% das menções nas redes sociais são negativas

Com 18 milhões de seguidores no Twitter, Anitta postou brincadeira sobre a “cola” que Bolsonaro trazia na mão esquerda

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São Paulo – A entrevista de Jair Bolsonaro ao Jornal Nacional continua a repercutir nas redes sociais. Boa parte das reações à “sabatina”, avaliada por especialistas, indica que a postura do presidente parece ter sido a de quem falou a milhões de pessoas, mas não “furou a bolha” do seu público. Ou seja, foi como falar no “cercadinho”. Segundo Felipe Nunes, diretor do instituto Quaest, o desempenho de Bolsonaro no JN obteve 35% de menções positivas na média, contra 65% de menções negativas. A avaliação, segundo Nunes, foi medida pelo sistema de monitoramento de redes do instituto, que acompanhou a entrevista em tempo real.

O analista de redes sociais Pedro Barciela postou avaliação semelhante no Twitter. “Jair foi bem? Jair foi mal? Não tenho a menor condição de afirmar nada. Fato é que aqui, nesta plataforma, Jair Bolsonaro falou para convertidos e, ainda assim, não os empolgou”, afirmou Barciela. “Essa ‘falta de empolgação’ é ruim? Talvez. Fato é que o antibolsonarismo conseguiu, mais uma vez, expandir seu campo de atuação nessa mesma plataforma. Algo que, de novo, o bolsonarismo não conseguiu”, concluiu

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Com 18 milhões de seguidores no Twitter, no final da noite a cantora Anitta colocou uma postagem brincando com a cola que Bolsonaro trazia rabiscada na palma da mão. “Traduzindo o que tava escrito pq tava meio ilegível”, escreveu a artista, como legenda de uma montagem como se fosse a mão de Bolsonaro, que mostrava os termos “Mentir”, “Roubar obra do Lula”, “Defender corrupto no MEC” e “Negar desmatamento”. Na verdade, o presidente trazia na cola as palavras “Nicarágua”, “Argentina”, “Colômbia” e “Dario Messer”.

Neste último termo, trata-se do chamado “doleiro dos doleiros”, preso por ordem do juiz Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro, em 2019. Messer teria dito que, na década de 90, entregou de US$ 50 mil a US$ 300 mil à família Marinho, da TV Globo, “em várias ocasiões”.

Urnas e golpe

Segundo Felipe Nunes, os três momentos com mais críticas a Bolsonaro nas redes foram quando tratou de urnas e golpe, pandemia e corrupção. Questionado no JN se poderia se comprometer a respeitar o resultado das eleições, fosse qual fosse, o atual mandatário deu uma resposta ambígua. Assim, em última análise, deixou no ar que ainda acredita em golpe.

Bolsonaro no JN
Anitta brinca sobre cola de Bolsonaro no JN

“Serão respeitados os resultados das urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes”, afirmou. De acordo com Nunes, um dos três momentos em que o entrevistado se saiu melhor foi quando supostamente “assumiu compromisso” com o resultado da eleição. Segundo a análise do diretor da Quaest, fora a questão eleitoral, os outros dois momentos em que o presidente se saiu melhor foram no debate com William Bonner sobre Alexandre de Moraes e ao responder sobre sua aliança com o Centrão.

No caso do Centrão, questionado sobre qual era para ele o real Centrão, se o que chamava de corrupto no passado, ou o atual, Bolsonaro deu uma resposta disparatada: “Você está me estimulando a ser ditador. O Centrão são aproximadamente 300 parlamentares. Se eu deixá-los de lado, vou governar com quem? Não vou governar com o Parlamento. Então, você tá me estimulando a ser um ditador”, disse.

Mentiras sem fim

Na entrevista ao JN, Bolsonaro continuou seu estilo de desfiar um fio de mentiras a cada questão incômoda em que se via. Por exemplo, ao falar sobre as vacinas contra a covid-19, disse que seu governo fez sua parte, quando todo o país conhece o boicote do próprio presidente aos imunizantes, principalmente da Pfizer e CoronaVac. Na época, ele também tripudiou ao imitar pessoas sem ar devido à covid-19.

De acordo com Pedro Barciela, “bolsonaro imita falta de ar” é uma das buscas em destaque no Google após a entrevista.


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