Escalada

Sem rigor contra violência política, caso Marcelo não será o último, afirma jurista

Integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Marcelo Uchôa lembrou casos ainda sem solução, como o assassinato de Marielle Franco e os disparos contra a caravana de Lula, ambos em 2018

Reprodução/Twitter
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A liderança do PT no Paraná Marcelo Aloizio de Arruda, assassinado por Bolsonarista em sua festa de aniversário,no início de julho, está entre as vítimas da escalada da violência política no país

São Paulo – Professor de Direito da Universidade de Fortaleza (Unifor) e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Marcelo Uchôa defende rigor contra a escalada da violência política no Brasil. Para ele, o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda no final de semana, por um bolsonarista que invadiu sua festa atirando, não será o último enquanto medidas efetivas não forem tomadas no Brasil.

“O que aconteceu com o Marcelo, a virulência, é uma situação clara de que pode acontecer com qualquer pessoa que faz militância, com qualquer pessoa no seu dia a dia. E mais para aquelas que estão se expondo dentro do que a democracia permite, que é ter seu espaço de voz, de tentativa de convencimento, sem querer agredir, violentar a paz das pessoas. Pelo contrário, tentando ajudar o Brasil”, disse hoje (12) em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Uchôa lembrou que essa violência política vem sendo “turbinada” por discursos e ações de Jair Bolsonaro antes de ser eleito e assumir o governo, em 2019. Um ano antes, o ódio ao PT e à esquerda em geral já produzia violência e crimes políticos, ainda hoje sem solução.

Escalada da violência política

É o caso do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), em 14 de março de 2018, junto com seu motorista, Anderson Gomes. Até hoje não foram identificados os mandantes do crime executado por ex-militares vizinhos do presidente Bolsonaro no mesmo condomínio no Rio de Janeiro.

Tampouco foi esclarecido o atentado a tiros a ônibus da caravana de Lula, em passagem entre Quedas do Iguaçu, no oeste do estado, e Laranjeiras do Sul, na região central do Paraná. “Na época, Bolsonaro disse que foi ‘atentado forjado’. Teve pouca repercussão, por se tratar de um ex-presidente, que viajava com muitos jornalistas. Se fosse nos Estados Unidos….”

Para o jurista, outro indicador da escalada da violência política são os ataques cada vez mais frequentes aos atos com presença de Lula. Na semana passada, uma bomba de fabricação caseira, com fezes em seu interior, foi detonada na Cinelândia. No mês passado, um agropecuarista usou um drone para despejar fezes e urina sobre a multidão que aguardava a chegada do pré-candidato em Uberlândia (MG).

Confira a íntegra da entrevista