Escárnio

Para plateia de médicos, Bolsonaro volta a zombar da CPI da Covid e falar contra a vacina

Dois dias depois de a PGR pedir arquivamento de investigações da CPI, presidente esteve no Conselho Federal de Medicina, onde elogiou ações de seu governo na pandemia, apesar dos quase 680 mil brasileiros mortos, e a defender tratamento com cloroquina

Reprodução/Facebook
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Não tomar vacina "é liberdade e democracia. É um direito meu. E estou vivo até hoje”, disse o mandatário

São Paulo – Em evento na sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, nesta quarta-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro (PL) zombou novamente da CPI da Covid, elogiou ações de seu governo na pandemia – apesar dos quase 680 mil brasileiros mortos pela doença – e voltou a defender o tratamento com medicamentos sem comprovação científica, como a cloroquina. “Aqui no Brasil foi proibido falar de tratamento precoce”, criticou Bolsonaro.

Tal medicação, defendida por ele ao longo da pandemia, envolvia uma série de remédios sem eficácia para a Covid. O chefe de governo voltou a se pronunciar contra a vacina. “Compramos vacina para todo mundo, de forma voluntária. Nunca exigi passaporte vacinal nem cobrei nada de ninguém, até porque eu nunca me vacinei. Entendo que isso é liberdade e democracia. É um direito meu. E estou vivo até hoje”, disse. A CPI da Covid mostrou que o governo ignorou dezenas de e-mails da Pfizer tentando negociar o imunizante, que poderia ter chegado ao Brasil ainda em dezembro de 2021 e evitado a morte de milhares de pessoas

Segundo o jornal Estado de Minas, ao falar sobre a CPI da Covid aos médicos hoje, Bolsonaro criticou os senadores Omar Aziz (PSD-AM), então presidente da comissão, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o vice, referindo-se a este último como “Randolfe ‘Fala Fino’ Rodrigues”. De acordo com o jornal, os médicos presentes riram e aplaudiram. No final do evento, a matéria relata que a plateia ficou de pé e ouviram-se gritos de “mito”.

Renan: CFM e conduta “deletéria”

Em outubro de 2021, o relator da CPI , senador Renan Calheiros (MDB-AL), acusou o Conselho Federal de Medicina de adotar conduta “deletéria” e “danosa ao povo brasileiro” na pandemia. Isso porque a entidade transferiu aos médicos a responsabilidade pela prescrição de medicamentos como cloroquina.

Na segunda-feira (25), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento de sete apurações preliminares envolvendo Bolsonaro, abertas com base nas conclusões da CPI. Hoje, o jornal britânico The Guardian publicou reportagem sobre a inação da PGR sob Augusto Aras, ante as denúncias de crimes de Bolsonaro na pandemia. “Indignação no Brasil porque Jair Bolsonaro evita acusações relacionadas à resposta contra Covid”, diz o jornal.


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