Na terra natal

Lula em Pernambuco: petista tem três palanques, mas só deve subir em um

Diante da alta popularidade de Lula em Pernambuco, pré-candidatos ao Palácio do Campo das Princesas tentam vincular imagem ao ex-presidente

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Oficialmente, Lula já declarou que, em Pernambuco, seu único candidato é Danilo Cabral (foto), que deve acompanhá-lo na passagem pelo estado

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato à Presidência da República, cumpre agenda de dois dias em Pernambuco, a partir desta quarta-feira (20). Na avaliação de cientistas políticos, o lulismo tem força para levar duas candidaturas do campo progressista ao segundo turno. São elas a dos deputados federais Danilo Cabral (PSB) e Marília Arraes (Solidariedade). 

Oficialmente, Lula apoia Danilo Cabral para o governo de Pernambuco, pela Frente Popular, que governa o estado há 16 anos. Com o alinhamento nacional do PSB aos demais partidos que compõem o movimento Vamos Juntos pelo Brasil, o PT indicou a deputada Tereza Leitão (PT) como candidata ao Senado na chapa PT-PSB. Por outro lado, a imagem de Lula também favorece Marília Arraes, que deixou o PT para disputar o governo de Pernambuco pelo Solidariedade, uma das sete legendas que apoiam nacionalmente a candidatura do ex-presidente. 

No início de julho, um levantamento do Ipespe revelou que Lula é o principal cabo eleitoral na disputa ao governo de Pernambuco, seu estado natal. Mais da metade dos eleitores, 52%, diz que o apoio do ex-presidente aumenta as chances de votar em um candidato a governador. Mas até o momento, a candidata do Solidariedade tem se beneficiado da memória de sua história petista, com amplos apoios públicos e divulgação de vídeos, fotos e jingles que mostram sua relação com o petista. Marília lidera isolada a corrida ao Palácio do Campo das Princesas, segundo diferentes institutos de pesquisa. 

Força do lulismo

A deputada iniciou sua carreira política em 2008 no PSB de seu avô Miguel Arraes. Ela migrou para o PT em 2016 e disputou a prefeitura de Recife em 2020. Neste ano, Marília vem alcançando de 25% a 30% das intenções de votos em sua nova legenda. O dobro da segunda colocada, Raquel Lyra (PSDB) que, por sua vez, aparece tecnicamente empatada com outros pré-candidatos, entre eles Danilo Cabral. Apesar da indefinição, a cientista política e professora universitária Priscila Lapa avalia que a corrida pelo governo estadual repita o cenário da disputa por Recife, há dois anos. Na ocasião, em disputa conflituosa, Marília perdeu no segundo turno para João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos e bisneto de Miguel Arraes. Eduardo é filho de Ana Arraes, segunda filha de Miguel, e Marília, filha de Marcos, o quinto. Portanto, é tia-prima do atual prefeito.

Em entrevista ao Brasil de Fato, a especialista ponderou que a trajetória dos pré-candidatos dependerá das narrativas adotadas por sua campanha. Mas é certo que “quem conseguir se associar melhor a Lula, tende a levar vantagem nas urnas”. A passagem de Lula a Pernambuco é vista, contudo, com expectativa por lideranças do PSB que esperam um discurso enfático do ex-presidente de apoio a Danilo Cabral. 

“Ele vem para fortalecer a chapa, claro, e reafirmar quem é o seu candidato ao governo e ao Senado”, destacou o presidente do PT no estado, Doriel Barros, ao Jornal do Commercio (JC). Segundo a cientista política Priscila Lapa, sem a associação de Danilo Cabral ao nome de Lula, a chance do deputado se eleger governador “é muito baixa”. “Ele ainda não conseguiu conectar sua imagem à de Lula e não está decolando nas pesquisas”, acrescentou ao site Poder360. 

Agenda no estado

Por fora ainda corre a candidatura de João Arnaldo (Psol), outro partido que integra a coligação nacional de apoio a Lula. O pré-candidato também acusa o PSB de oportunismo por exigir exclusividade do apoio de Lula. “Estamos juntos com Lula para derrotar o bolsonarismo em nível nacional”, diz. Diante desse impasse, Marília Arraes e lideranças do Psol em Pernambuco não foram convidadas pela Frente Popular para participar da manifestação de apoio à candidatura de Lula. 

O ex-presidente participará, ao lado de seu vice Geraldo Alckmin (PSB), de atos em Garanhuns e Serra Talhada, no sertão pernambucano. No mesmo dia, Lula também deve ir a Caetés, sua cidade natal, desmembrada de Garanhuns em 1963, para visitar a réplica da casa onde nasceu. O petista pretende gravar imagens no local para seu programa eleitoral, uma das cenas que marcou sua campanha à reeleição em 2006.

Convenção partidária

Na quinta (21), Lula terá encontro com representantes do setor cultural em um teatro de Recife e almoço na casa de Danilo Cabral, que deve acompanhá-lo em toda sua agenda no estado. Um comício do ex-presidente está previsto para as 17h, na Praça do Carmo, palco histórico de atos políticos na capital pernambucana. Por questões de segurança, não haverá caminhada. 

No mesmo dia, o PT também confirmará a candidatura de Lula ao Palácio do Planalto pela legenda. O anúncio será feito durante convenção partidária protocolar, sem o peso de um evento de campanha. Segundo integrantes do PT à CNN, a ideia é promover uma convenção mais simples e descolada dos compromissos de Lula. Em maio, o petista e seu vice realizaram grande evento para o lançamento da chapa. No caso da cerimônia da convenção partidária, ela atende à legislação eleitoral que exige que os partidos se reúnam para decidir seus candidatos a cargos eletivos, como o de presidente da República. As convenções precisam ocorrer de 20 de julho a 5 de agosto do ano eleitoral. 

Leia mais: Partidos realizam convenções para definir candidatos a partir de quarta-feira

Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima

Com informações do Valor Econômico


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