Na Cinelândia

Lula no Rio: ‘Derrotar esse cara é questão de honra para o povo brasileiro’

Com Alckmin, Freixo e Ceciliano, ex-presidente prometeu revogar “decretos de 100 anos” de Bolsonaro e reerguer a indústria naval no país

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
"Perguntem quanto esse genocida que está governando investiu no Rio", provocou o petista

São Paulo – O pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (7), no Rio de Janeiro, que derrotar o atual presidente “é questão de honra” para o povo brasileiro. Em ato que levou milhares de pessoas à Cinelândia, região central carioca, Lula desafiou: “Perguntem quanto esse genocida que está governando investiu no Rio de Janeiro. Qual foi a grande obra que ele fez aqui? Qual foi a universidade que ele fez? Nada, nada, nada”. Em contrapartida, ele citou que os governos petistas injetaram R$ 590 bilhões em investimentos no estado fluminense.

“Essa figura que está aí não conversa com empresários, não conversa com educadores, com sindicalistas, com o movimento negro, com LGBT. Não conversa com ninguém”, continuou o ex-presidente. Lula também citou a insensibilidade do atual ocupante do Palácio do Planalto pela tragédia sanitária provocada pela covid-19. “Não derramou uma lágrima pelas mais de 670 mil vítimas da pandemia.”

Em caso de vitória nas eleições presidenciais, Lula prometeu, como primeira medida de seu governo, revogar os decretos de sigilo que Bolsonaro decretou para casos de corrupção que envolvem o seu governo – e especialmente os que implicam seus filhos. “Vou quebrar esses sigilos de 100 anos no primeiro decreto”, afirmou.

Além disso, também afirmou que pretende reconstruir a indústria naval, no Rio de Janeiro e no país. “Agora mesmo eles estão importando plataformas da China e de Cingapura. Esses empregos que eles estão exportando para lá poderia ser criados aqui”. E voltou a criticar a atual política de preços da Petrobras, que dolarizou os combustíveis no país. “Quando eu era presidente, na crise de 2008, o barril do petróleo chegou a US$ 147. Sabe quanto a gente vendia o litro de gasolina? R$ 2,60”, respondeu.

Apoio a Freixo

No âmbito local, Lula reafirmou o apoio ao pré-candidato Marcelo Freixo (PSB) na disputa ao governo do Rio. “É um companheiro da mais alta qualidade. Quando eu estava nessa situação difícil, esse companheiro não negou um dia sequer de solidariedade”, frisou, lembrando os dias de prisão política em Curitiba.

Freixo também afirmou, em contrapartida, que o estado “deve muito” ao ex-presidente. “Foram mais de 200 mil casas construídas no Rio de Janeiro no governo Lula. E mais 29 escolas técnicas e 116 mil bolsas do Prouni”, citou.

Freixo também cobrou “união e responsabilidade” do campo progressista durante a disputa eleitoral. “Às vezes, dentro da esquerda, tem ‘um esbarrão, um encontrão’. Mas qualquer diferença é muito menor do que a responsabilidade que a gente tem pela frente, que é derrotar Bolsonaro no Rio de Janeiro”, ressaltou.

Sobre seu plano de governo, Freixo frisou a urgência de políticas públicas voltadas à juventude do estado. “Nós vamos recuperar os Cieps do Brizola, e fazer funcionar com internet, com tempo integral. Quero disputar cada menino dessa cidade. Vamos enfrentar o crime dando oportunidade para essa juventude”, disse o pré-candidato. Ele se emocionou ao lembrar do irmão, assassinado há 14 anos. “Não vamos perder mais ninguém para a violência dessa forma estúpida”.

“Essa praça está encharcada de esperança. Não tá dando todo mundo na praça, porque a esperança é maior do que o ódio. O amor é maior que o medo. Nós vamos ganhar esse ano. Nós vamos ganhar o Rio de Janeiro. Não vamos apenas ganhar uma eleição, vamos mudar a história do Rio de Janeiro. O Rio é potente, tem uma força muito grande”, finalizou Freixo.

Bozo com medo da urna

O ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), pré-candidato a vice de Lula, também provocou Bolsonaro. “Quando vejo essa grande manifestação na Cinelândia, entendo porque o ‘Bozo’ está com medo da urna eletrônica. Ele está com medo do voto do povo. Porque sabe que não merece um outro mandato.” E previu uma “grande festa cívica” daqui a menos de 90 dias, referindo-se ao primeiro turno das eleições.

Alckmin também não poupou elogios a Freixo. “Sempre esteve do lado do bem (…) Um homem do diálogo, com princípios e valores.”

Soldado de Lula

“Aqui tem amor, aqui não tem ódio”, afirmou em sua participação o pré-candidato ao Senado André Ceciliano (PT). Ele firmou compromisso de seu mandato com o eventual governo Lula-Alckmin. “O senhor vai poder contar com um senador que não vai tirar o pé da bola dividida”, disse ele ao ex-presidente.

Ceciliano também frisou a importância da indústria naval e petroquímica no estado, a partir da descoberta e exploração do pré-sal. A política industrial então criada abriu cerca de 80 mil empregos nos estaleiros em todo o país, grande parte deles no Rio. Também citou os investimentos da Petrobras e outros, paralisados desde a articulação para o golpe de 2016. “Queremos a retomada do Comperj”, disse ele, em referência ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, que teve suas obras paralisadas, após a advento da Lava Jato.

No coração da ‘besta’

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da pré-campanha de Lula, lembrou que, apesar das belezas da cidade, o Rio é também o coração do bolsonarismo. “É onde está o demônio, é também o coração das milícias. Nada melhor do que derrotar a besta-fera das milícias com um filho do povo carioca”, afirmou, em alusão a Freixo.

“Daqui do Rio de Janeiro, queremos proclamar para todo o Brasil que não aceitamos mais a fome”, afirmou Randolfe. Desse modo, ele também comentou os esforços de Bolsonaro para ampliar o Auxílio Brasil às vésperas das eleições. “Só foi Lula apresentar a candidatura que ‘ele’ quer dar 600 reais para o povo brasileiro.”

A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), destacou o “grande movimento” que reúne sete partidos, além de movimentos sindicais e sociais, em apoio a Lula. E também provocou Bolsonaro, a quem chamou de “nefasto”. “O que ele fez pelo estado? Construiu alguma escola, estrada, hospital? Nada. Não fez absolutamente nada nem pelo estado que o elegeu diversas vezes a deputado federal.”

Do mesmo modo, Juliano Medeiros, presidente do Psol, afirmou que Lula é a “porta de saída” para livrar o país do “pesadelo” Bolsonaro. “Estamos diante da possibilidade de produzir no Rio de Janeiro a maior derrota de Jair Bolsonaro, que é perder no seu estado”. E também manifestou apoio a Freixo. “O Rio de Janeiro não é das milícias. O Rio de Janeiro vai voltar a ser de Darcy Ribeiro, de Nise da Silveira, Abdias Nascimento e Brizola. E a pessoa que vai conduzir esse projeto foi um dos construtores do Psol, lutando contra a milícia.”

Questão de segurança

Fogos de artifício foram jogados de fora para dentro do ato, causando barulho, antes da chegada de Lula à Cinelândia. O artefato de fabricação caseira, aparentemente feita de garrafa PET, foi lançada do lado de fora da área isolada em frente ao palanque, por sobre as placas metálicas que cercavam o espaço. Houve apenas um princípio de correria, seguida de gritos contra Bolsonaro.

A campanha de Lula foi alvo de outros ataques recentes. Um cerco ao carro em que o ex-presidente se deslocava em Campinas (SP) e um ataque com drone a um ato, com a presença do pré-candidato, em Minas Gerais.

Com Alckmin, Freixo e Ceciliano em ato no Rio, Lula prometeu revogar "decretos de 100 anos" de Bolsonaro e reerguer a indústria naval no país
Multidão na Cinelândia compareceu para o ato público com Lula no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

Assista ao Ato “Sempre juntos pelo Rio”, com Lula

https://www.youtube.com/watch?v=rIBFR94xy1U


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