São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se nesta quarta-feira (13) com cerca de 150 parlamentares em Brasília, inclusive com alguns fora da base de apoio já confirmada. Participaram do encontro senadores e deputados dos sete partidos da coligação Juntos Pelo Brasil – PT, PSB, PCdoB, Psol, PV, Rede e Solidariedade. De acordo com o ex-presidente, o tema do encontro foi a “reconstrução do nosso país”.

“Precisamos de representantes que defendam os direitos do povo no Congresso”, afirmou Lula no Twitter. Aos parlamentares, o pré-candidato enfatizou a necessidade de retomar a governabilidade, “destruída” por Bolsonaro, que terceirizou uma parte do Orçamento, por meio das famigeradas emendas de relator.

Para tanto, Lula ressaltou a importância de eleger candidatos comprometidos com a democracia. Nesse sentido, ele destacou a participação do seu pré-candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), que esteve com Lula no encontro. “É um sinal pro país. Temos que ter consciência que não posso ser candidato só do PT, que eu não posso ser candidato só da esquerda.”

Ontem, em ato na capital federal, Lula lamentou o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda e acusou Bolsonaro e seus apoiadores de querer transformar as campanha eleitoral “numa guerra”. Dessa forma, o petista orientou seus apoiadores a não cair em provocações, daqui até as eleições.

Apoio entre o agro

Além dos partidos da coligação Juntos Pelo Brasil, parlamentares do PSD, MBD e até do PP – do ministro da Casa Civil Ciro Nogueira e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira – também estiveram no encontro com Lula e Alckmin nesta manhã. O que aponta para a ampliação das alianças em torno do líder petista.

Entre os presentes no encontro, estavam o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) e o deputado Neri Geller (PP-MT). Representantes da bancada ruralista, os parlamentares declararam apoio a Lula, num importante revés para Bolsonaro.

“Deixamos encaminhado, fechado nosso apoio, meu, do Neri, dos nossos partidos, além da federação PT-PV-PCdoB no estado do Mato Grosso no apoio incondicional a Lula e Alckmin”, afirmou Favaro ao jornal O Estado de S.Paulo. O grupo político ligado a Geller e Fávaro solicitou uma visita de Geraldo Alckmin ao estado, para estreitar as relações com setores ligados ao agronegócio. Geller já foi ministro da Agricultura da ex-presidenta Dilma Rousseff e é um dos principais representantes da bancada ruralista do Congresso.

Por sua vez, Favaro, que já foi vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), grupo hoje dominado por bolsonaristas, declarou que os governos de Lula foram melhores para o setor do agro do que a gestão de Bolsonaro. ”Foi um ótimo diálogo. Vamos estruturar as bases desse debate democrático com o contraponto de como foi o governo Lula para o agronegócio brasileiro, em especial de Mato Grosso, comparado com o atual governo para que possamos ser voz do debate democrático e respeitoso”, declarou o senador.

Alianças regionais

O senador Nelson Trad (PSD-MS) também esteve com o ex-presidente. Ele costura o apoio de Lula à pré-candidatura de Marquinhos Trad (PSD) ao governo de Mato Grosso do Sul.

Um dia antes, Lula esteve com o senador Eduardo Braga (MDB-AM) em apoio à sua pré-candidatura ao governo de Amazonas. Conforme relatou a revista CartaCapital, o encontro entre os dois encaminhou o apoio a Lula de líderes do MDB em pelos menos nove estados, desidratando ainda mais a pré-candidatura de Simone Tebet (MDB-MS) ao Planalto.

Braga afirmou que seus correligionários do MDB já apoiam Lula nos estado do Amazonas, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Ceará. O petista deve receber representantes dessa ala do MDB em São Paulo na próxima segunda-feira (13) para estabelecer os últimos detalhes dos arranjos regionais.

No Senado

Mais tarde, o ex-presidente Lula se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Foi o primeiro encontro entre os dois. Participaram também da reunião, além Alckmin, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), a bancada do PT no Senado e o economista e ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula.