eleições 2022

Damous: temos de conciliar a segurança com a maneira de Lula fazer campanha

Para ex-deputado, Lula ser impedido de caminhar com a multidão por ameaça de violência seria vitória dos agressores. Ele lembra que Estado deve garantir proteção a todos os candidatos

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Foi feito um esquema de segurança inédito na Cinelândia nesta quinta-feira, para o ato de Lula e aliados

São Paulo – O entorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconhece que não se pode ignorar os riscos inerentes à campanha do pré-candidato ao Palácio do Planalto, num momento não apenas de polarização política, mas de ameaças concretas à sua segurança. O sinal de alerta acendeu na noite de ontem (7), na Cinelândia, centro do Rio, onde um homem arremessou um artefato nas imediações do palanque da campanha de Lula.

Porém, apesar dos riscos evidentes, o ex-presidente deve continuar a fazer campanha como é de seu estilo, o que implica interagir com a população e caminhar com a multidão, ficando exposto e vulnerável. Foi assim, por exemplo, em Salvador, na semana passada. “É a maneira dele. Temos que conciliar a maneira de Lula fazer campanha e a segurança. Não sendo assim, se Lula for impedido de fazer campanha, eles terão sido vitoriosos”, diz Wadih Damous, advogado, ex-deputado federal e muito próximo do ex-presidente.

Proteção exigida

A força de Lula é estar junto e abraçar o povo. Aliados e ele próprio sabem disso e os cuidados estão sendo tomados. Segundo Damous, no comício da Cinelândia havia segurança e o pré-candidato estava bem protegido por um esquema de segurança inédito para o local. Entre as medidas tomadas, toda a área onde o público ficou foi cercada por placas metálicas e quem entrou foi revistado.

“Mas não se pode pedir que ele não faça campanha. Não podemos abrir mão de exigir do Estado a proteção aos candidatos, particularmente ao Lula”, acrescenta o ex-presidente da OAB do Rio de Janeiro. Apesar de haver milicianos e fascistas encastelados no Estado brasileiro, observa Damous, medidas de segurança rigorosas têm sido adotadas. Mas essas precauções, mesmo rigorosas, podem não ser suficientes, admitem os organizadores da campanha. Mesmo assim, está fora de cogitação pedir a Lula que fique em casa e faça campanha pela internet.

Violência é padrão no mundo

Na avaliação de Damous, o atentado que matou o ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, nesta sexta (8), mostra que a violência política é um problema mundial. “É  um padrão que está acontecendo no mundo, de violência política. A gente tem que entender isso e tomar as medidas adequadas. Mas não se deixar derrotar por isso”, conclui o ex-deputado.

Testemunhas afirmaram que o autor do atentado na Cinelândia – identificado como André Stefano Dimitriu Alves de Brito – jogou uma garrafa PET de dois litros, uma espécie de bomba caseira, que explodiu exalando cheiro de fezes e urina. O episódio ocorreu em frente ao palanque onde Lula discursaria, mas ele ainda não estava presente. Algumas pessoas próximas correram, mas não houve tumulto generalizado ou feridos.

Segundo os policiais militares que prenderam o indivíduo, o suspeito chegou a interpretar uma situação fictícia: dirigiu-se correndo em direção aos soldados e, aos gritos, disse que estava sendo perseguido. Mais tarde, a Polícia Civil “informou” que o suspeito disse que não tinha ideologia política e seu ato foi uma “forma de protesto”.

Investigação

A investigação vai procurar imagens de câmeras de segurança. O celular de Brito foi apreendido. A polícia pediu à Justiça a quebra do sigilo do preso, para esclarecer circunstâncias e eventual participação de outras pessoas.

No último sábado (2), foi detido o agropecuarista Rodrigo Luiz Parreira, conhecido como “Rodrigão Treta”, suspeito de ser o principal responsável por ataque, com um drone, a evento de Lula e do pré-candidato ao governo de Minas Gerais Alexandre Kalil, em Uberlândia, em 15 de junho. A prisão preventiva foi decretada a pedido do Ministério Público Federal.

O acusado foi alvo de mandados de busca e apreensão em pelo menos cinco endereços. Ele admitiu ser o dono do drone e foi detido no dia do ataque, junto a Charles Wender e Daniel de Oliveira.

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