Luzes

Caixa pagou obras em mansão de Pedro Guimarães, diz jornal

Ex-presidente da Caixa, envolvido em escândalos de assédio sexual e moral, já havia tentado fazer o banco pagar por outra obra na sua residência em área nobre de Brasília

Arquivo/Agência Brasil
Arquivo/Agência Brasil
Direção da Caixa alega "questões de segurança" e nega irregularidade em obras que custaram R$ 50 mil

São Paulo – A Caixa Econômica Federal pagou por uma reforma na mansão de Pedro Guimarães, ex-presidente do banco. O imóvel alugado, que fica às margens do lago Paranoá, em Brasília, recebeu iluminação nos jardins pagas pelo banco público. De acordo com servidores da Caixa, o custo foi de aproximadamente R$ 50 mil. As obras foram confirmadas pelo banco, que alegou ter autorizado a verba por questões de segurança. As informações são do jornal Folha de S.Paulo, publicadas nesta terça-feira (5).

As obras da reforma, que ficaram a cargo de quatro funcionários da EMIBM Engenharia, se deram em julho de 2020. A empresa tem contrato de 16,3 milhões de reais para fazer manutenção em agências bancárias e prédios da Caixa.

Em troca de mensagens obtida pela reportagem, a diretora executiva de Logística e Segurança da Caixa, Simone Benevides de Pinho Lima, autorizou o deslocamento dos funcionários da EMIBM para realizar o trabalho na casa de Guimarães. A diretora afirma que tudo aconteceu “dentro do trâmite legal” e por razões “de segurança”. “Foi na época da ameaça do auxílio emergencial, dos falsários, que publicaram a ameaça na internet”, disse Simone ao jornal.

Limites

Além da Caixa, o advogado de Guimarães, José Luis Oliveira Lima, confirmou a execução da obra. Do mesmo modo, ele afirmou que a decisão de instalar postes de luz na residência ficou a cargo do setor de segurança do banco estatal. De acordo com ele, “o custeio dessa iniciativa seguiu todas as regras de governança previstas no estatuto da instituição”.

Além disso, a reportagem afirma que Guimarães tentou passar ao banco outra despesa envolvendo o imóvel. A intenção era instalar uma cerca separando a residência do lago Paranoá, mas o setor responsável negou o pedido. Na época, Simone não estava no comando do setor de Logística e Segurança da Caixa.

Turbilhão de escândalos

Pedro Guimarães pediu demissão da presidência da Caixa na última quarta-feira (29), após a divulgação de denúncias de assédio sexual feitas por várias funcionárias da instituição contra ele. As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF), sob sigilo, desde o final do ano passado. Os primeiros casos de assédio teriam ocorrido ainda em 2019, mas foram acobertados, conforme afirmou a consultora jurídica aposentada da Caixa Isabel Gomes.

No dia seguinte, ele também foi alvo de denúncias de assédio moral. Áudios divulgados pelo portal Metrópoles mostram situações em que o agora ex-presidente submete subordinados a constrangimentos diversos.

Também nesta terça, novos áudios obtidos pelo Metrópoles revelam Guimarães ameaçando servidores de demissão, após descobrir uma mudança no regimento interno do banco que, na prática, o faria perde mais de R$ 100 mil por mês. O agora ex-presidente integrava 18 conselhos, que lhe rendiam cerca de R$ 130 mil mensais em jetons – uma gratificação pelas participações das reuniões dos conselhos. Somado ao salário de R$ 56 mil que ele recebia como presidente da Caixa, seus rendimentos se aproximavam dos R$ 200 mil mensais.

Tendo sua renda reduzida para cerca de R$ 100 mil mensais, o então presidente acusou os funcionários da Caixa que participaram da mudança no regimento que o “prejudicava” estariam “fazendo gestos para a oposição, já pensando em uma possível vitória de Lula” nas eleições em outubro.


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