Precisa parar

Bolsonarista que ameaçou ‘caçar’ Lula e ministros do STF é preso em Belo Horizonte

“Terapeuta Ivan”, como se apresenta nas redes, foi detido em Belo Horizonte. Segundo a PF, ele representa risco real de promover “ações violentas mediante inclusive luta armada” contra ministros e lideranças de esquerda

YouTube/Reprodução
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Investigação contra bolsonarista também quer descobrir "quem se articula" e qual é o "respectivo nível de engajamento" com as ordens de Ivan Rejane (foto)

São Paulo – A pedido da Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão temporária de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto em razão de um vídeo em que ele faz ameaças contra ministros da Corte e lideranças de esquerda. Após oferecer resistência, “Terapeuta Ivan” ou “Terapeuta Papo Reto”, como se apresenta nas redes sociais, foi detido em Belo Horizonte para cumprir mandado de prisão temporária de cinco dias.

No vídeo, ele disse que “caçaria” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a presidenta do partido, Gleisi Hoffmann, e o candidato a governador do Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PSB). O bolsonarista diz também para ministros do STF saírem do Brasil, porque eles seriam pendurados “de cabeça para baixo”.  

O pedido de detenção partiu da própria PF. A instituição constatou que o bolsonarista vinha articulando “de forma concreta a reunião de pessoas” para promover “ações violentas”, “mediante inclusive a luta armada”, com objetivo de destituir os ministros de suas funções. 

Pedagógico

A também deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) foi às redes sociais para comentar a prisão de Ivan. A parlamentar ressaltou a urgência de se conter a escalada do fascismo no Brasil e também afirmou que a política de ódio não pode ser tolerada. “Prisão do bolsonarista que fez ameaças a mim, Lula, Freixo e ministros do STF é pedagógica. Só com medidas enérgicas vamos vencer o fascismo. Não podemos tolerar que a violência política e o ódio tomem conta do país. Podemos ser divergentes, mas não inimigos. Queremos paz!”, escreveu a presidenta do PT.

Ameaças contra a esquerda

A PF também mencionou um segundo vídeo de Ivan, de 9 de julho, em que ele diz que o ataque, que seria cometido em 7 de setembro, atingiria ainda familiares, mulheres e filhos dos ministros. “Eu estou dizendo, o processo da guerra tem muitas baixas. Muita gente vai morrer! Eu estou disposto a morrer pelo meu país. Eu estou disposto a morrer pelos meus ideais. (…) Meu negócio é luta armada, luta visceral”, descreve o seguidor de Bolsonaro. 

Em outra postagem, Ivan manda “um recado para a esquerda brasileira”, destacando Lula, em que diz para o ex-presidente “andar com segurança até o talo, que nós da direita vamos começar a caçar você, essa Gleisi Hoffmann, esse Freixo frouxo do c…”.

Movimentações bolsonaristas 

Ao autorizar a prisão do bolsonarista, Moraes voltou a ressaltar que a liberdade de expressão “não é escudo para a prática de discursos de ódio, antidemocráticos e ameaças e agressões contra as instituições”. O argumento também foi mencionado em decisão do último domingo (17), em que ele ordenou a exclusão de notícias falsas associando o PT ao PCC e ao assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel. 

“Liberdade de expressão não é liberdade de agressão! Liberdade de expressão não é Liberdade de destruição da Democracia, das Instituições e da dignidade e honra alheias! Liberdade de expressão não é Liberdade de propagação de discursos mentirosos, agressivos, de ódio e preconceituosos!”, escreveu. Paralelamente, o ministro do STF ressaltou que acompanha de perto as movimentações para o feriado do bicentenário da independência. 

Além disso, Moraes autorizou a PF a fazer buscas em dois endereços ligados a Ivan em Belo Horizonte e Esmeraldas, na região metropolitana da capital mineira. A diligência, segundo o magistrado, é para descobrir “quem se articula” com o bolsonarista. Assim como qual é o “respectivo nível de engajamento das pessoas que podem estar em torno do fato”. O ministro do STF também determinou ao Twitter, Facebook, Telegram e YouTube o bloqueio dos perfis de Ivan em suas plataformas.

O bolsonarista chegou a ser candidato a vereador, nas últimas eleições municipais, em 2020. Na ocasião, ele se lançou pelo PSL, antiga legenda de Bolsonaro e que atualmente é o União Brasil. Ele recebeu 189 votos. 

(*) Com informações do UOL, O Globo e Fórum

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