No Rio

Freixo é consenso na esquerda para governo do Rio, mas chapa com Cesar Maia, não

Para Senado, PSB quer Alessandro Molon, enquanto o PT indica André Ceciliano. Como na chapa nacional com Alckmin, decisão de Lula pesará

Divulgação (CMRJ), Divulgação Psol e Luis Macedo/Agência Câmara
Divulgação (CMRJ), Divulgação Psol e Luis Macedo/Agência Câmara
Convite de Marcelo Freixo a Cesar Maia desagradou o Psol de Juliano Medeiros (destaque)

São Paulo – Do ponto de vista da disputa pelo governo do Rio de Janeiro, o apoio ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB) é consensual na esquerda e centro-esquerda. A questão incômoda surgida na semana passada foi a aproximação entre Freixo e o vereador e ex-prefeito da capital, Cesar Maia (PSDB), para vice na chapa. “Tenho o desejo de ter o César como vice, sim. Me agrada muito essa possibilidade, o convite está na mesa e a aliança está sendo construída”, afirmou o deputado do PSB, ex-Psol.

Porém, seu ex-partido, que abraçou sua pré-candidatura com entusiasmo, está contrariado com a possibilidade de Cesar Maia ser o vice de Freixo. “Não faz sentido falar em reconstruir o Rio de Janeiro, mudar o rumo das coisas, se aliando com quem é responsável pela crise do estado”, diz Juliano Medeiros, presidente Nacional do Psol, à RBA. “O Psol fez aliança de esquerda e centro-esquerda, não com Cesar Maia e Eduardo Paes.” Pelo posto chave de atual prefeito do Rio, Paes tem sido citado como parte de possíveis composições no estado à esquerda e à direita.

Não é de hoje que Freixo mostra ser um político pragmático. Em 2019, logo no início do governo Jair Bolsonaro, ele mencionava Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, filho de Cesar Maia e hoje no PSDB, como um político “republicano”, com “capacidade de diálogo”, embora liberal e “da direita”. “Mas o Freixo que conheço e aprendi a admirar é o do enfrentamento à direita. Essa imagem do político de diálogo com a direita é muito recente. A gente gosta mais do Marcelo Freixo original”, continua Medeiros.

O presidente do Psol indica que o apoio a Freixo continua, mas Cesar Maia ou Paes não são bem-vindos. “Não somos nós que estamos no lugar errado. Apoiamos um candidato que representa as forças democráticas do Rio. Não somos nós que temos que nos retirar da aliança. Vamos dar o combate para que essa turma não esteja nela.” De todo, a situação no Rio de Janeiro se assemelha à chapa nacional Lula-Alckmin. Embora o Psol esteja entre os sete partido que a apoiam, a indicação do ex-governador, com origem na centro-direita paulista, também incomodou a legenda. Mas pesou a decisão de Lula

Fator Lula e disputa pelo Senado

Apesar da divergência, a disputa pelo Senado parece, no momento, oferecer mais obstáculos a um consenso na chapa de centro-esquerda. O pré-candidato do PSB é o correligionário de Freixo, Alessandro Molon, enquanto o PT não abre mão de lançar o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano.

Como foi em Minas e em Pernambuco, o fator Lula deve decidir a questão. Comenta-se, até, que o nome do candidato ao Senado poderia ficar com o PSD de Eduardo Paes. Mas o partido do prefeito também corre o risco de indicar o vice na chapa do governador Cláudio Castro (PL), do partido de Jair Bolsonaro.

O ex-presidente do diretório do PT do Rio, Alberto Cantalice diz que a legenda, no estado, defende que Cesar Maia seja de fato o vice. “Quem quer vencer eleição tem que ampliar”, diz. Quanto ao Senado, “será senador pelo Rio aquele candidato que o Lula apoiar”, afirma. “Mas André Ceciliano será candidato do PT em qualquer circunstância.”

Do lado de Alessandro Molon, a expectativa está em torno do que Lula vai apoiar. Pelo pragmatismo e pensando no plano nacional, o ex-presidente já apoia em Pernambuco o deputado federal Danilo Cabral (PSB), lançado pelo governador Paulo Câmara. E, em Minas, Lula fechou com Alexandre Kalil, do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab.

Na expectativa

Para uma fonte próxima a Molon ouvida pela reportagem, o que Lula resolver vai ter força “muito grande”. Mas a militância de esquerda teria dificuldade em apoiar Ceciliano em detrimento de Molon, diz. Isso porque, de acordo com a fonte, a relação de proximidade de Ceciliano com o governador Cláudio Castro (PL), incomoda a esquerda fluminense. “Ceciliano, como presidente da Alerj, tem que ter relação institucional com o governador”, rebate Cantalice. “O PT não tem nada a ver e não apoia Cláudio Castro”, afirma.

Pesquisa Exame/Ideia divulgada entre ontem e hoje (16) traz Lula numericamente à frente de Bolsonaro, 37% a 36%. A mesma situação de empate se apresenta na disputa para governador, mas com Castro 1 ponto à frente: 24% a 23% contra Freixo.


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