"Personalidade necessária"

Cotada para vice, Marina compartilha entrevista de Haddad ao ‘Roda Viva’

Ex-ministra elogia respostas de Haddad sobre empresários pensarem além dos lucros imediatos: “Tem 620 mil famílias na linha de pobreza em SP, se não olhar pra isso, não se constrói uma nação”

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Marina declarou "apoio crítico" a Haddad em 2018. Agora, Rede integra frente de apoio ao PT e entregará documento com propostas

São Paulo – Ex-ministra do Meio Ambiente e fundadora da Rede Sustentabilidade, Marina Silva repercutiu nesta segunda-feira (6) trechos da entrevista de Fernando Haddad ao Roda Viva, da TV Cultura. O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo foi questionado sobre a hipótese de Marina ser a vice de sua chapa. O petista desconversou, mas deixou a porta entreaberta. “A Rede já declarou apoio (a Haddad) e vai entregar um documento (com suas propostas). Fui ministro junto com a Marina e a vejo como uma personalidade necessária para o Brasil”, elogiou Haddad.

O ex-ministro da Educação e ex-prefeito afirmou, no entanto, que é preciso “assentar a relação” com o PSB em vários estados para depois se conversar sobre o assunto. Não que a legenda reivindique o cargo de vice, até porque ainda tem o nome de Márcio França bem posicionado nas pesquisas. “Nunca foi colocado nem de nós para eles, nem deles pra nós a condição de retirada de candidaturas”, afirmou o petista. Haddad reiterou a tendência se se garantirem os apoios um ao outro para chegar a um eventual segundo turno.

E que a presença de ambos no primeiro turno não constrangeria a campanha do ex-presidente Lula em São Paulo. “Tivemos algo semelhante em 2012 (na disputa pela prefeitura). Havia o (Gabriel) Chalita (então do PMDB, que era coligado ao PT em nível nacional), e eu. Nós nos respeitamos durante o primeiro turno e no segundo ele me apoiou. “Tudo indica que o Márcio vai manter a candidatura e acho isso possível”, reiterou, mas deixando escapar: “Quando o PSB fala numa possível composição, fala em Senado”.

Novo ciclo de prosperidade

Marina Silva, por sua vez, não comentou essa movimentação citada por Haddad. Apenas compartilhou algumas respostas, em questões relacionados a lidar com a mentalidade empresarial. “O desafio do novo ciclo de prosperidade para São Paulo não pode deixar ninguém para trás. #HaddadNoRodaViva”, tuitou. A ex-ministra fez o comentário ao compartilhar uma resposta de Haddad sobre qual a chance de convencer o empresariado paulista a ouvi-lo. “Tem 620 mil famílias na extrema pobreza em São Paulo. Se a gente não olhar para esse lado da sociedade, não vamos construir uma nação”, afirmou.

Nesse momento, o entrevistado comentava sobre o desafio de sua campanha prosperar num estado tido como “bunker de mentalidade” conservadora. Fernando Haddad admitiu que parte do empresariado é muito “curto-prazista e só enxerga o balanço no final do ano”. Mas que não observa que os lucros que estão aumentando porque os salários estão caindo. “Esse empresário não enxerga que seu lucro ocorre em detrimento do trabalhador. Se o trabalhador está perdendo e só o empresário está ganhando, essa conta não fecha”, explicou o candidato do PT.

“No médio e longo prazo, essa política do Paulo Guedes e do Bolsonaro será insustentável, não apenas do ponto de vista econômico, mas social. Se a gente não olhar pra esse lado da sociedade, vão aplaudir o Bolsonaro, mas não vamos construir uma nação”, ressaltou.

Qual o problema?

O assunto provocou outro tuíte de Marina: “Quando a sustentabilidade é colocada no topo das prioridades de forma transversal, ninguém fica para trás”, escreveu. Para em seguida retuitar em que Haddad responde a uma pergunta sobre como convencer os empresários sobre esse conceito. “Qual o problema de pensar um modelo econômico que beneficie todo mundo? Qual o problema de olhar para quem está numa situação mais difícil? Um projeto de nação tem que contemplar todos. Só assim se cresce de maneira sustentável.”

Preferência por adversário

A uma insistente questão sobre qual adversário prefere enfrentar num eventual segundo turno, Haddad não titubeou. “Em qualquer situação, nunca vou desejar a presença de um bolsonarista numa disputa”, disse, sem citar nome, em referência ao candidato Tarcísio de Freitas, apoiado por Bolsonaro. “Ninguém que serviu a esse governo tem espírito democrático.”

Na entrevista ao Roda Viva, Haddad respondeu também a perguntas sobre planos para a educação. Disse ver grande potencial de as escolas técnicas do estado se equipararem aos institutos federais e, em conjunto, se converterem num modelo para um novo ensino médio. “É preciso qualificar o jovem para o exercício profissional e também da cidadania.”

O ex-prefeito falou ainda sobre mobilidade, compromisso com avançar em paridade de gênero e raça na composição da equipe de governo e fez duras críticas ao PSDB “pós-2014”, desde a conduta nada republicana de Aécio Neves após perder a eleição. “É preciso distinguir o PSDB do passado do que houve com ele depois de Doria. Se indispôs com todos os setores da sociedade e fez um governo muito ruim.”

Rebateu ainda questão sobre “falta de humildade” para reconhecer os erros de sua gestão como prefeito e as promessas que deixou de cumprir. “A cidade tem R$ 30 bilhões em caixa. Deixou obras encaminhadas para serem concluídas. E isso não cai do céu”, afirmou, lembrando ter sido o responsável por renegociar a dívida da prefeitura com o governo federal. “E mesmo com R$ 30 bilhões em caixa, me apontem uma obra nova realizada na cidade de 2016 para cá.”

Assista à íntegra da entrevista


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