Rejeição

Bolsonaro é vaiado no São João de Caruaru e internautas destacam ‘Datapovo’

Breve fala do presidente na tradicional festa junina, ontem, foi acompanhada por palavras de ordem contra o governo e em apoio ao ex-presidente Lula

Isac Nóbrega/PR
Isac Nóbrega/PR
As vaias foram se intensificando contra Bolsonaro. O que internautas repercutiram como “Datapovo”, em referência à rejeição ao governo que as pesquisas vêm mostrando

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi recebido pelo público com vaias na festa de São João de Caruaru (PE) na noite de ontem (23). A participação apressada do mandatário, que discursou por menos de 30 segundos, foi acompanhada pelo público sob palavras de ordem contra a sua gestão no governo federal e por gritos de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

“Uma satisfação muito grande estar no Nordeste. A todos vocês: que Deus ilumine cada um. E que Deus abençoe todo o Brasil. Muito obrigada a todos vocês”, limitou-se a dizer Bolsonaro. De forma menos expressiva, apoiadores do presidente tentaram ecoar “mito” e aplaudir a fala do chefe do Executivo. Mas, imagens que circulam pelas redes sociais mostram, em diferentes ângulos, que as vaias foram se intensificando contra Bolsonaro. O que internautas repercutiram como “Datapovo”, em referência à rejeição ao governo que as pesquisas vêm indicando. 

O instituto Datafolha divulgou ontem que a administração do presidente é rejeitada por 47% da população. O mesmo nível de rejeição da pesquisa anterior, de maio, quando o índice chegou a 48%. Desde a redemocratização do país, com a primeira eleição para presidente em 1989, Bolsonaro é o presidente que tem a pior avaliação no atual período de fim de mandato, com três anos e seis meses de gestão.

Motociata sem capacete

A festa de São João de Caruaru reuniu cerca de 30 mil pessoas, segundo a Secretaria de Defesa Social do estado. No palco, o mandatário estava acompanhado do ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), pré-candidato ao Senado por Pernambuco, e também do sanfoneiro da banda Forró da Brucelose, que se apresentava no momento que Bolsonaro subiu para fazer seu discurso. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo pessoas que estavam presentes no evento relataram que os músicos aumentavam o som na medida que as vaias se intensificavam. O que foi visto como uma tentativa de abafar os protestos contra o governo federal. 

Mais cedo, o ex-ministro e Bolsonaro haviam participado de motociata na cidade com apoiadores. Na garupa da moto guiada pelo presidente, Gilson Machado filmava o trajeto que era seguido pelos dois sem capacete, as imagens foram divulgadas na própria rede social do pré-candidato ao Senado. Essa é a segunda vez, em menos de um mês, que Bolsonaro vai a Pernambuco. No dia 30 de maio, o presidente aproveitou da tragédia em decorrência das fortes chuvas que atingiram o estado e mataram ao menos 128 pessoas, para fazer campanha em Recife. 

‘Mão no fogo’

O chefe do Executivo tenta angariar apoio na região Nordeste, composta por nove estados e que é o segundo maior colégio eleitoral do país, com 39,8 milhões de eleitores – 27% do total. A visita também ocorre em um momento em que o governo tenta se desvincular das denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC), que ganharam novos desdobramentos nesta semana com a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, ambos ligados a Bolsonaro. 

Leia mais: Lula tem vantagem ampla no Nordeste e entre os jovens. Bolsonaro ganha entre mais ricos

Em sua tradicional live às quintas-feiras, o presidente alegou que exagerou ao dizer que colocaria sua “cara no fogo” por Ribeiro. A fala vinha sendo ironizada nas redes sociais por parlamentares e personalidades públicas. Bolsonaro completou, no entanto, que “boto a mão no fogo pelo Milton. Assim como boto por todos os meus ministros, porque o que conheço deles, a vivência, dificilmente alguém vai cometer um ato de corrupção”, afirmou. A passagem de Bolsonaro pelos festejos juninos também está prevista para ocorrer no São João de Campina Grande e João Pessoa, na Paraíba.


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