balanço negativo

PT avalia um ano do governo Ricardo Nunes em São Paulo: ‘Cidade e população estão à deriva’

Mesmo com bilhões em caixa, sucessor de Bruno Covas não avança em nenhuma área de sua administração. Situação e aumento da população em situação de rua na capital é o sintoma mais grave do descaso

Divulgação/ Prefeitura de São Paulo
Divulgação/ Prefeitura de São Paulo
Sucessor de Bruno Covas tem demonstrado proximidade explícita a Jair Bolsonaro, cuja rejeição é enorme

São Paulo – A liderança do PT na Câmara Municipal de São Paulo apresentou, esta semana, o balanço de um ano da gestão do prefeito Ricardo Nunes. O atual chefe do Executivo paulistano assumiu o cargo em 16 de maio de 2021, após a morte de Bruno Covas (PSDB). De acordo com o balanço, a cidade está “à deriva”, a população “abandonada à própria sorte” e o atual prefeito “não conseguiu mostrar a que veio”.

No documento, a liderança do partido lembra que, “em memória do antecessor”, Nunes assumiu o compromisso de desenvolver novos projetos, reduzir as desigualdades e garantir dignidade aos cidadãos. “Mas, ao contrário do discurso, a cidade que ainda sofre com as crises sanitária, social e econômica, acumula problemas em todas as áreas – na educação, saúde, assistência social, zeladoria, e muitas outras”, diz o PT.

Líder da bancada Legislativo municipal, o vereador Senival Moura destaca o aumento da população em situação de rua como o sintoma mais grave do descaso da administração municipal. O censo da parcela dos habitantes do município que não têm onde morar, realizado em 2021, mostra aumento de 31% de pessoas vivendo nas ruas da capital desde 2019.

A situação é agravada pela má gestão do governo de Jair Bolsonaro frente à pandemia de covid-19, que aprofundou a crise econômica e social de 2020 para cá. Segundo o IBGE, em 2022, a inflação (IPCA) acumulada até abril chega a 12,13%, enquanto o desemprego é de 11,2%, dados que agravam dramaticamente a situação das populações mais vulneráveis. Além disso, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação para os mais pobres é 17,5% superior à dos mais ricos em abril.

R$ 30 bi em caixa

Para Senival Moura, a situação das pessoas sem alternativas de moradia é ainda mais grave porque a prefeitura “está confortável financeiramente”. Hoje, R$ 30 bilhões estão parados no caixa da prefeitura. Desse montante, R$ 19 bilhões podem ser remanejados, o que mostra a inoperância da administração, na avaliação do PT. “O prefeito poderia investir em obras e cuidar da população nessa condição”, sugere Moura. “Neste momento de crise e inflação, poderia adotar, por exemplo, um programa de auxilio emergencial na cidade de São Paulo por quatro ou cinco meses, até que as coisas melhorem.”

O vereador sugere ainda que a prefeitura garanta um lugar para acolher essas famílias e terem opção para sair das ruas. “Elas estão na rua em função do desemprego, do aluguel alto que não têm condições de pagar – e não sobra alternativa a não ser ir para a rua”, diz o parlamentar.

O secretário municipal da Fazenda, Guilherme Bueno de Camargo, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, justifica o saldo bilionário da prefeitura dizendo que a pandemia prejudicou os investimentos em 2020 e 2021. Por isso, alega, há a sobra no caixa. Segundo ele, dos R$ 30 bilhões, R$ 20,2 bilhões “estão comprometidos com empenhos relativos a despesas até 31 de dezembro”, de acordo com reportagem do jornal.

No balanço de um ano da gestão de Ricardo Nunes, o PT observa que “não é por acaso” que pesquisa Datafolha de abril revela que o prefeito tem o menor índice de aprovação desde o início da série histórica, em 1986. Segundo o estudo, apenas 12% dos paulistanos consideram a gestão ótima ou boa, contra 30% que a avaliam como ruim ou péssima e 46% como regular. Dos entrevistados, 12% não sabem avaliar, o que demonstra que a imagem do governo é amorfa e sem rosto.

Nunes e Bolsonaro

Para piorar a imagem do sucessor de Bruno Covas, Nunes tem demonstrado uma proximidade explícita a Jair Bolsonaro, cuja rejeição é enorme. Segundo o Ipespe, 59% dos eleitores brasileiros não votariam no presidente hoje “de jeito nenhum”.

No mesmo dia em que completou um ano como prefeito, Ricardo Nunes (MDB) elogiou Bolsonaro devido a recente acordo firmado entre a União e a prefeitura sobre o aeroporto Campo de Marte, na zona norte da capital, que extingue a dívida do município. O acordo é investigado pelo Ministério Público.

“Cumprimentar o presidente Jair Bolsonaro. Tem sido o presidente um grande parceiro da cidade de São Paulo. Em todas as demandas que a gente tem levado ao presidente, tem tido, ele e a sua equipe, bastante atenção com a prefeitura de São Paulo. Portanto, fica aqui o meu agradecimento”, declarou Nunes, na última segunda-feira (16).


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