Eleições 2022

Lula vence todas as simulações de segundo turno, afirma pesquisa Exame/Ideia

Vice-presidente do instituto que apresentou a pesquisa avalia que há uma possibilidade da eleição nem ir para o segundo turno, a depender do comportamento dos eleitores de Ciro Gomes

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula superou os 40% em janeiro deste ano e desde então oscilou dentro da margem de erro, ficando com 41% nesta pesquisa de 19 de maio

São Paulo – Se o segundo turno da eleição presidencial fosse hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria 46% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro (PL), 39%, segundo a pesquisa eleitoral Exame/Ideia divulgada na noite de ontem (19). A distância entre os dois, de 7 pontos percentuais, é a menor em um ano.

Na série histórica, considerando a simulação de segundo turno, Bolsonaro tinha vantagem sobre Lula até abril do ano passado, quando o petista ultrapassou o atual presidente na preferência dos eleitores. A maior distância entre os dois chegou a 17 pontos percentuais no fim do ano passado, mas desde então começou a diminuir. Na pesquisa feita em abril, a diferença entre os dois foi de 9 pontos.

A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre sábado e ontem (14 a 19). As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais como para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-01734/2022.

A pesquisa testou cinco possíveis cenários de segundo turno. Lula venceria todas as disputas, sendo a maior vantagem contra João Doria (PSDB): 48% a 20%. Bolsonaro perderia apenas para Lula. No confronto com Ciro Gomes (PDT), o presidente tem 37%, e o pedetista, 39%. Apesar de ficar atrás do ex-governador do Ceará, o cenário é considerado empate, por estar dentro da margem de erro.

Cila Schulman, vice-presidente do instituto de pesquisa Ideia, avalia que há uma possibilidade da eleição nem ir para o segundo turno, a depender do comportamento dos eleitores de Ciro Gomes.

“Com o quadro tão polarizado entre Bolsonaro e Lula, há a possibilidade da eleição acabar no primeiro turno. Para isso, os eleitores de Ciro Gomes seriam pressionados a dar um voto útil ainda no primeiro turno, como ocorreu por exemplo com os apoiadores de Geraldo Alckmin (PSB), que migraram para Bolsonaro em 2018 diante da perspectiva de uma vitória do PT”, diz.

Primeiro turno

Em uma simulação de primeiro turno de forma estimulada, em que os nomes são apresentados previamente, Lula superou os 40% em janeiro deste ano e desde então oscilou dentro da margem de erro, ficando com 41% nesta pesquisa de 19 de maio. Bolsonaro passou de 24%, no começo do ano, para 32%. Ciro Gomes estava com sete pontos em janeiro, e agora tem 9% das intenções de voto.

Vale lembrar que, por conta da desistência de Sergio Moro (União Brasil) da corrida presidencial, a pesquisa não testou o nome dele na sondagem de abril e nesta, de maio. Sem o ex-juiz, tanto Lula quanto Bolsonaro receberam mais intenções de voto, sendo maior a proporção para o presidente.

(Arte/Exame)

Bolsonaro mantém a vantagem em relação a Lula, registrada na pesquisa de abril, nas regiões Norte (50% x 24%), Centro-Oeste (43% x 28%), e no Sul (40% x 34%). O petista tem a preferência dos eleitores nos maiores colégios eleitorais do país: Sudeste (37% a 33%), e no Nordeste (58% a 19%).

Por renda, o atual presidente venceria entre os mais ricos. Nas classes A e B, Bolsonaro aparece com 41% das intenções de voto, contra 34% de Lula. Nas classes D e E, o petista tem 45%, contra 24% do atual ocupante do Palácio do Planalto.

Terceira via com 15% das intenções de voto

A “terceira via” como um todo enfrenta uma situação complicada a cinco meses das eleições. Na simulação de primeiro turno estimulada, todos os pré-candidatos somados pontuam 15%. Lula e Bolsonaro juntos têm 73% das intenções de voto, o que indica que o segundo turno deve ser entre os dois. Em uma pesquisa espontânea, sem os nomes apresentados previamente, a terceira via chega a 8%.

“Enquanto a política discute qual o melhor nome para concorrer no espaço chamado de terceira via, para a opinião pública essa demanda, por enquanto, deixou de existir. Na soma da intenção de voto espontânea, todos esses candidatos juntos não chegam a dois dígitos”, opina Cila Schulman.

Nesta semana, depois do União Brasil pular fora, MDB, PSDB e Cidadania indicaram, de forma ainda não definitiva, que a senadora Simone Tebet (MDB) será a cabeça de chapa dos três partidos, representando a terceira via. A decisão só sai na próxima terça (24), quando a executiva das três legendas deve aprovar o nome dela.

Caso isso aconteça, o ex-governador de São Paulo, João Doria, fica ainda mais isolado, dentro do seu partido, e também fora dele. Doria já ameaçou recorrer à Justiça para que as prévias do partido, realizadas no fim do ano passado, sejam respeitadas e que ele seja o candidato tucano. Aliados do ex-governador disseram, nesta semana, que não vão aceitar a indicação de Tebet.

Nos bastidores, a questão apontada pelos presidentes dos partidos de terceira via para a escolha de Simone Tebet é a taxa de rejeição. A pesquisa Exame/Ideia perguntou a opinião dos eleitores sobre quais candidatos eles não votariam de jeito nenhum. Doria tem 28% de rejeição, enquanto a senadora aparece com 8%. O pré-candidato com maior rejeição é Bolsonaro (43%), seguido de Lula (40%).


Com informações de Gilson Garret Jr, do portal Exame