Eleições 2022

Lula manda recado a Bolsonaro: ‘O povo é a voz de Deus, e vai tirá-lo de lá’

Em encontro com movimentos populares, Lula afirmou que é hora de os que estão no poder “pararem de dizer não” para a classe trabalhadora

Guilherme Gandolfi @guifrodu
Guilherme Gandolfi @guifrodu
Lula disse que Bolsonaro não deve ter dormido depois de pesquisa que indica sua derrota no 1º turno

São Paulo – O pré-candidato a presidência Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta sexta-feira (27) com representantes dos movimentos sociais e populares. No evento, em São Paulo, ele comentou a mais recente pesquisa Datafolha, que sinaliza para a possibilidade de sua vitória no primeiro turno. “Imagino que o Bolsonaro não dormiu ontem à noite.” E mandou um recado para o atual ocupante do Palácio do Planalto: “Ele vive dizendo que só Deus vai tirar ele de lá. Quero que ele saiba que o povo é a voz de Deus, e vai tirar ele de lá”.

O ex-presidente afirmou, no entanto, que Bolsonaro não é um adversário fraco, porque o seu comportamento não é “democrático”. Nesse sentido, ele alertou aos seus apoiadores a se preparar. “Não tem descanso. A gente vai ter que trabalhar nas redes sociais, nos movimentos sociais, no bairro que a gente mora, no local de trabalho, na igreja que a gente frequenta. A gente não vai poder parar.”

Das mãos do coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, e de Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres, Lula recebeu o documento Superar a Crise e Reconstruir o Brasil. Divididas em 10 eixos temáticos, são propostas que vão da redução das desigualdades sociais e econômicas às relações internacionais, passando por emprego, segurança, meio ambiente e democracia.

Lula disse que os movimentos sociais estão com “sede de democracia e de participação”. Além disso, afirmou que é preciso “parar de dizer não” para a classe ao povo trabalhador. “É preciso parar de dizer não a eles e sim aos banqueiros, aos empresários, É preciso inverter. Ao invés de ficar discutindo responsabilidade fiscal para garantir dinheiro aos banqueiros, temos que discutir responsabilidade social para pagar a dívida com o povo trabalhador desse país”.

Indignação

Às lideranças dos movimentos populares, Lula manifestou indignação com a atual situação do país. “Não é possível ficar tanto tempo sem aumento do salário mínimo. Não é possível que 670 mil pessoas tenham morrido por covid-19, uma grande parte por responsabilidade de um governo genocida que desrespeitou toda a orientação científica que balizou o comportamento do mundo”.

Os preços dos combustíveis também causou perplexidade. “Não é possível a gente ser autossuficiente na produção de petróleo e estar pagando um dos preços da gasolina e do diesel mais caros do mundo. Não é possível o povo pobre não conseguir comprar mais um botijão de gás com o salário mínimo que ele ganha”. E criticou a venda da BR Distribuidora, que possibilitou a entrada de importadoras que, assim como a Petrobras vem fazendo, vendem os combustíveis a preços dolarizados.

Compromisso

Lula afirmou que a sua pré-candidatura tem condições de atender a “grande parte” das reivindicações que lhes foram apresentadas. Nesse sentido, disse que os movimentos populares devem ser “duros” na hora de cobrar. “Sem vocês reivindicarem, sem escreverem o que desejam, sem aporrinharem a nossa vida, cobrando todo dia, a gente não faz o que tem que ser feito. Então, não se incomodem de cobrar”, frisou

Por outro lado, lembrou das “conquistas” durante os governos petistas. “Vocês sabem que vocês já estudaram mais. Sabem que já ganharam mais”. Ele destacou a valorização de 74% no salário mínimo, assim como 90% dos acordos salariais acima da inflação. Lembrou que, durante o seu governo, “o povo viaja de avião, e não de busão”. E que, naqueles tempos, durante o final de semana, era possível convidar a família para um churrasco no final de semana.

“É isso que nós sabemos fazer”, afirmou o pré-candidato. “Eu e o Alckmin não queremos governar o país. Nós queremos cuidar do povo, como a gente cuida da família da gente. Temos que cuidar do povo trabalhador brasileiro, porque ele é a razão da existência desse país”.

Ação internacionalista

Ainda no início do seu discurso, Lula pediu “um minuto de ação internacionalista”. Ele denunciou as tentativas de violência contra o pré-candidato à presidência da Colômbia, Gustavo Petro. Com eleições marcadas para o próximo domingo (29), em jogral com os integrantes dos movimentos sociais, Lula pediu a todos os colombianos que defendem à democracia o voto em Petro, que lidera as pesquisas. Lula prometeu construir, junto com Petro, uma América Latina forte e integrada para, assim, negociar de com os outros blocos econômicos do planeta.

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