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Cultura é muito mais que a ‘caixinha do entretenimento’, afirma Haddad

Pré-candidato ao governo de São Paulo recebeu propostas de representantes de diversos setores da cultura e prometeu ampliar políticas adotadas em sua gestão à frente da prefeitura paulistana

Reprodução/Facebook
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Cultura, assim como educação, arte, ciência e direitos humanos, é eleita inimiga pela "loucura da tragédia do atraso" bolsonarista

São Paulo – “A cultura é muito mais que a caixinha do entretenimento. A cultura é a relação com o cosmos, com a natureza, com a diversidade, com o outro”, disse o pré-candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), em encontro com representantes dos mais diversos setores da cultura na noite de ontem (16), no auditório do Sindicato dos Químicos de São Paulo, na região central. Os ativistas foram ao encontro entregar propostas ao pré-candidato, sinalizando a importância da política cultural em um eventual governo.

As lideranças dos movimentos culturais se queixaram sobretudo da falta de investimentos no setor, principalmente com a chegada da pandemia de covid-19, que deixou mais de 6 milhões de trabalhadores desempregados. Mas há também reivindicação de ações para o fortalecimento do setor de audiovisual, que tem em São Paulo 70% da produção, como pediu a cineasta Tata Amaral, de cineclubes e, principalmente, da arte periférica.

O Slam, disputa de poesia falada que este ano completa 15 anos de atividade, reivindica leis de incentivo, com inserção no calendário cultural do estado e em grandes eventos da capital, como a Virada Cultural. O mesmo para o samba, que curiosamente, não está inserido na chamada MPB.

Ativistas pediram também mais investimentos na criação de livrarias para estimular a leitura e o censo crítico capaz de combater as fake news. A Unesco recomenda uma livraria para cada 10 mil pessoas, mas o Brasil tem uma para cada 70 mil. E também em centros de memória, o que vai além de museus. A demarcação e homologação de terras indígenas e quilombolas é defendida como instrumento de preservação de memória. Assim como a gestão democrática de espaços culturais que não se neguem a movimentos sociais, como fez o Masp recentemente: fechou as portas para exposição com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra e lançamento de livro de Guilherme Boulos.

O ex-prefeito de São Paulo lembrou de políticas de sua gestão que iam ao encontro do que foi apresentado, que foram implementadas com pouco investimento, como o Clube do Choro; a revitalização do hip hop, que estava banido da Virada Cultural; a lei de fomento à dança; criação da SPCine; da rede de cinemas nos CEUs; do carnaval de rua e de de incentivo à música clássica.

“Vimos que na semana do carnaval não ficava ninguém na cidade e Juca Ferreira dizia: ‘Não fica ninguém porque não tem carnaval. Proibimos a venda de abadás, os blocos foram aumentando e no último ano antes da pandemia havia 30 mil pessoas nos hoteis por causa do carnaval”, disse Haddad.

Ex-ministro da Educação, ele lembrou dos governo Lula e do respeito internacional do país. “Um ministro da Cultura feito Gilberto Gil, até o secretário-geral da ONU sambava no corredor com a energia que Gil emanava.” Mas o bolsonarismo, que é “uma espécie de recidiva de 400 anos de tragédias, do patriarcado, do racismo, que fica insistindo na loucura desse atraso”, elegeu como inimigo a cultura, a arte, a ciência, a educação, os direitos humanos. “Tanto que nem somos mais vistos no Exterior como nação amiga. Já somos vistos com desconfiança no mundo.”

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