Combate à fome

“Meu compromisso é com o pobre”, diz Lula em evento com mulheres pelo direito à alimentação

Em evento na Brasilândia, na zona norte da capital paulista, Lula reforça programa voltado à recuperação da economia com inclusão dos mais pobres

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Representantes de movimentos de mulheres de Perus, Pirituba e Anhanguera foram a Brasilândia para encontro com Lula

São Paulo – O ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva participou hoje (30) de encontro de mulheres pelo direito à alimentação no bairro da Brasilândia, periferia da zona norte de São Paulo, que reuniu representantes de comunidades de Perus, Pirituba e Anhanguera.

“Só tem uma razão para eu voltar a ser candidato à Presidência da República: recuperar a dignidade do povo brasileiro. Meu compromisso não é com banqueiro, fazendeiro. Meu compromisso é com o povo pobre do Brasil. Não queremos tirar nada de ninguém. Mas nenhuma criança pode ir dormir sem ter um copo de leite pra tomar ou levantar da cama sem poder tomar um café da manhã”, disse o ex-presidente, que estava acompanhado de sua noiva, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, o pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, e a presidenta do partido, Gleisi Hoffmann.

No evento organizado por lideranças do PT para discutir o cenário de fome no país, Lula lembrou que o Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo. “Não há explicação para existir fome no Brasil. Esse país é rico, é muito grande. Não tinha porque a gente estar aqui discutindo cesta básica. Esse era o mínimo que a gente tinha que ter”.

Segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), em 2021 a insegurança alimentar afetava 55,2% dos lares brasileiros. Além disso, 19 milhões de pessoas passam fome no país, o que representa 9% da população. O quadro recolocou o Brasil no Mapa da Fome das Nações Unidas.

“A cara da fome no Brasil é a cara das mulheres”, Janja. 

Na plenária com lideranças na Brasilândia, o impacto da inflação sobre a alimentação das pessoas mais pobres foi representado por carrinhos de supermercado com itens que podiam ser comprados com R$ 100 em 2010 e em 2022.

“Metade da inflação é responsabilidade do governo, porque está ligada ao preço do combustível. Como pode o gás custar 10% do salário mínimo? O gás deveria fazer parte da cesta básica”, defendeu Lula.

O índice nacional de preços ao consumidor (IPCA 15) de abril subiu 1,73%, sendo o maior dos últimos 27 anos. A inflação acumulada de 2022 foi de 12,03%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Oito dos nove grupos de produtos e serviços analisados tiveram alta em abril. A maior variação 3,43% foi no setor de transportes, seguido de alimentação e bebidas, com alta de 2,25% Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 70% do IPCA-15 em abril. 

Cerca de 28% dos brasileiros afirmam não ter renda suficiente para comprar alimentos mensalmente, apontou um levantamento do Gallup World Poll. 

Os dois carrinhos mostram o que era e agora é possível comprar com R$ 100,00 no Brasil. Foto: Ricardo Stuckert.

Com Brasil de Fato