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Polícia Federal faz operação contra deputados do PL, que suspeita de armação de Bolsonaro

Deputado, alvo pela terceira vez de mandado de busca e apreensão, diz que sua resposta “está na Bíblia”. Costa Neto tece “teoria alternativa”. “Presidente rodeado de escândalos”, diz oposição

Reprodução/Redes sociais
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Deputado Maranhãozinho, do PL, que já foi flagrado guardando maços de dinheiro, diz que sua resposta está no livro de Isaías

São Paulo – A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (11), operações de busca e apreensão tendo como alvos deputados federais do PL – Partido Liberal, de Jair Bolsonaro e uma das principais legendas do Centrão. A PF investiga suspeitas de desvios de emendas parlamentares. As ações foram autorizadas pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, suspeita de manobra de Bolsonaro.

Entre os deputados liberais envolvidos está Josimar Maranhãozinho (MA), que é objeto desse tipo de operação pela terceira vez. Também são alvos os parlamentares Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). Em seu Twitter, Maranhãozinho se disse inocente e invocou a Bíblia. “Com muita serenidade, contribuo com toda e qualquer explicação e solicitação da justiça, para que averiguem o que acharem necessário. Minha vida política, pública, é regada pelo trabalho, competência e seriedade. Minha resposta aos ataques, está no livro de Isaías 54:17”, escreveu. O parlamentar foi o deputado federal mais votado do Maranhão em 2018, com 195 mil votos.

Colegas parlamentares, porém, falam do tema sem considerar religião alguma. “PF cumpre mandados de busca e apreensão contra deputados do PL, partido de Bolsonaro. Novidade zero”, tuitou Ivan Valente (Psol-SP). “PL de Valdemar Costa Neto tem uma longa folha corrida de corrupção. Agora junta-se a isso o presidente chefe da familícia de roubos de uma vida inteira nas rachadinhas”. acrescentou. O senador Rogério Correia (PT-SE) também se manifestou. “ORÇAMENTO SECRETO para deputados do PL, partido de Bolsonaro. Corrupção endêmica no governo genocida”, postou (grafia original do tuíte).

A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) lembra que Maranhãozinho foi “flagrado no ano passado com caixas lotadas de dinheiro”. Em dezembro de 2021, no decorrer das investigações, Maranhãozinho foi flagrado manuseando e guardando grande quantidade de dinheiro em maços, em seu escritório político, em São Luís. A gravação das imagens foi autorizada também por Lewandowski. Correligionária de Sâmia, Talíria Petrone (Psol-RJ) comenta: “Impressionante como o presidente está sempre rodeado de escândalos”, referindo-se a Jair Bolsonaro.

Teoria alternativa

Porém, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, levanta uma hipótese diferente, segundo o colunista do Uol Tales Faria. Costa Neto “desconfia” que o próprio Bolsonaro esteja por trás da operação da PF. Segundo a teoria, o chefe do governo está tentando tomar o controle da legenda – à qual se filiou em novembro – usando a PF, que, desde o início de seu governo, ele tenta usar para fins próprios e de sua família, segundo diversas denúncias.

No final do mês passado, Bolsonaro exonerou o até então diretor-geral da PF, Paulo Gustavo Maiurino, e nomeou Márcio Nunes de Oliveira para o cargo. É o  quarto ocupante do cargo sob o atual governo. Oliveira era o número dois do Ministério da Justiça, chefiado pelo ministro Anderson Torres. O motivo da substituição até hoje é desconhecido.

Com o diretor-geral anterior, Maiurino, 20 delegados foram afastados de postos-chave da PF. Uma delas foi a delegada Dominique de Castro Oliveira, que atuava na Interpol e cuidou diretamente dos trâmites para a extradição do blogueiro Allan dos Santos. A ordem, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, até hoje não foi cumprida.


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