BOLSOLÃO

Pastor ofereceu ‘desconto’ na propina para liberar verbas do MEC a prefeito goiano

Arilton Moura pediu R$ 15 mil de propina para liberação de dinheiro do governo federal ao município de Bonfinópolis (GO)

LUIS FORTES/MEC
LUIS FORTES/MEC
O então ministro da Educação Milton Ribeiro com o também pastor Arilton, próximo de Bolsonaro, investigado por tráfico de influência

São Paulo – O prefeito da cidade goiana de Bonfinópolis, Kelton Pinheiro (Cidadania), relatou que o pastor Arilton Moura pediu R$ 15 mil de propina para enviar verbas do Ministério da Educação (MEC) para o município. Segundo relato feito ao jornal Estado de S.Paulo, o religioso do gabinete paralelo do governo federal chegou a oferecer “desconto” de 50% no pedido de propina.

Pinheiro relatou que a proposta de Arilton foi feita durante um almoço, no restaurante Tia Zélia, em Brasília, e teve o aval do pastor Gilmar Santos, líder da igreja Cristo para Todos. O encontro no restaurante, segundo o prefeito de Bonfinópolis, ocorreu após reunião com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, na sede da pasta. Kelton Pinheiro contou que ele e a mulher almoçaram na companhia de Gilmar Santos. O pastor Arilton Moura, então, se aproximou deles depois depois ter passado por outras mesas.

“Sentou do meu lado, em um dos lados da mesa, falou: ‘olha prefeito, eu vou ser direto com você. Tem lá um recurso para liberar com o ministro, mas eu preciso de R$15 mil hoje'”, relatou o prefeito. “Ele disse: ‘vou lhe fazer por R$ 15 mil porque você foi indicado pelo pastor Gilmar, que é meu amigo. Pros outros aqui, o que eu estou cobrando aqui é R$ 30 mil'”, acrescentou.

Propina no MEC

Arilton Moura é um dos pastores com trânsito livre no MEC e relação próxima com o ministro Milton Ribeiro. Nesta semana, reportagem do jornal Folha de S. Paulo mostrou áudio de Ribeiro, em reunião com prefeitos, dizendo que repassa verbas do MEC a municípios indicados pelos pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A partir disso, começaram a surgir denúncias de que os pastores pediram propina para liberar as verbas. Além de Arilton, outro pastor citado pelo ministro Milton Ribeiro nos áudios é Gilmar Santos. Segundo o prefeito da cidade goiana, por intermédio do pastor Gilmar, ele conseguiu ser recebido pelo ministro da Educação numa reunião com vários prefeitos.

Nos últimos dias, outra revelação foi feita, por meio do prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). Ele afirmou ao O Estado de S. Paulo que Arilton Moura pediu ouro em troca do repasse de recursos. “Ele disse que tinha que botar (…) Ver a nossa, a nossa demanda, né. Tinha que dar R$ 15 mil para ele só protocolar. E na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era pra dar um tanto x”, afirmou o prefeito maranhense. “Para mim, como a minha região é área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro”, completou.

Na esteira das denúncias no MEC, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para instaurar um inquérito sobre a suspeita de que Ribeiro tenha favorecido pedidos de pastores na concessão de verbas públicas. Segundo material divulgado pela PGR, se autorizado, o inquérito vai apurar “se pessoas sem vínculo com o Ministério da Educação atuavam para a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado à pasta”.


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