ENTREVISTA

Eventual governo Lula olhará para todos, mas vai priorizar os mais pobres, diz ex-presidente

Ex-presidente também sinalizou para uma possível aliança com Alexandre Kalil em Minas Gerais

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Lula voltou a criticar a atual política de preços da Petobras, orientada pelo mercado internacional. Segundo o petista, a questão do combustível é maior "demonstração da irresponsabilidade" do governo Bolsonaro

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, caso exerça um terceiro mandato, seu governo irá olhar para todos os setores da sociedade, mas irá priorizar a população mais pobre, que sofre mais com a atual crise do Brasil. Em entrevista à Rádio Super, de Minas Gerais nesta quinta-feira (24), Lula também falou sobre a importância da revogação do Teto de Gastos e a necessidade de mudar a política de preços da Petrobras.

O pré-candidato pelo PT à Presidência comentou a respeito da expectativa sobre um possível novo governo. “Não dá para ser o candidato de 1989, pois estou calejado e com uma experiência bem sucedida de governo. Minha ideia é governar o país como uma pessoa mais forte do que em 2002. Não posso voltar e empatar o jogo, preciso fazer mais. O Lula de 2023 irá governar para todos, mas vai priorizar o mais pobre. Não vem impor Teto de Gastos, porque meu compromisso é com as pessoas precisam viver dignamente”, afirmou.

Sobre a polarização entre a sua campanha e a de Bolsonaro, Lula diz que não enxerga a questão como algo problemático. “Ela existe em todos os países quando duas pessoas disputam algo. Por anos, houve uma polarização entre PT e PSDB. Agora, nós estamos discutindo contra um cidadão que não gosta de educação, de mulheres ou de negros. Eu não escolho meu adversário. O Bolsonaro tem sua força política e o PT também. E se o cenário continuar assim, o povo brasileiro vai dar um golpe no fascismo e reestabelecer a democracia no país”, disse.

Alianças

Lula voltou a criticar a atual política de preços da Petobras, orientada pelo mercado internacional. A estatal passou a adotar a PPI a partir de outubro de 2016 e, com o aumento da volatilidade do preço do barril de petróleo em função da guerra na Ucrânia, aumentou a pressão pela revogação da política. Segundo o petista, a questão do combustível é maior “demonstração da irresponsabilidade” do governo Bolsonaro.

“O Brasil é autossuficiente na produção de petróleo. Esse governo atual destruiu a BR, maior distribuidora de combustível do país, e agora temos 390 empresas importando gasolina dos Estados Unidos. O Brasil precisa refinar sua gasolina, exportar o excedente e deixar de pagar o preço em dólar. Desmontaram toda a Petrobras prometendo gasolina mais barata e onde que abaixou o preço?”, questionou.

O ex-presidente também comentou uma possível parceria com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), para a disputa do governo estadual, além da união com Alckmin para o governo federal. Segundo ele, a escolha do ex-tucano como vice não é uma contradição. “Já tive José de Alencar como vice. O Alckmin foi adversário do PT e isso não será um problema, porque estamos tentando criar uma proposta para reconstruir o Brasil. Essa união é para recuperar o país”, disse.

Sobre o governo de Minas Gerais, Lula endossou que seu apoio pode ser decisivo nas eleições estaduais, como mostrou a pesquisa Quaest/Genial no estado, divulgada na últim sexta-feira (18). O levantamento mostra que Kalil venceria Romeu Zema (Novo), caso tivesse o apoio do ex-presidente. “Tenho conversado com o Kalil e a eleição de Minas é importante. As pesquisas mostram que há polarização entre os candidatos à Presidência e também ao cargo de governador. Então, teremos que se acertar. O Kalil precisa de mim e eu, dele. Se nós dois nos juntarmos, criaremos uma chapa forte em Minas Gerais. A possibilidade para estarmos juntos é grande”, acrescentou.


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