Outro mundo

Oposição sobre discurso de Bolsonaro no Congresso: ‘descolado da realidade’

Parlamentares apontam que, apesar de discurso, presidente “ignora a situação do povo faminto e desempregado”, “tira sarro de desastres” e seu ministro dificulta a vacinação das crianças

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"Não me conformo que o Parlamento ainda tem uma maioria que bate palmas para o governo Bolsonaro", postou Rosário

São Paulo – Lideranças da oposição criticaram a postura e o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na abertura do ano legislativo, na tarde de ontem (2). O discurso que o presidente fez na mensagem ao Congresso Nacional “foi fantasioso”, escreveu o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), no Twitter. Segundo ele, Bolsonaro “ignora a situação de um povo faminto e desempregado”. O presidente da República “segue intencionalmente descolado da realidade”, acrescentou.

Em seu pronunciamento, Bolsonaro afirmou que seu governo não se afastou das “premissas” de “salvar vidas e proteger empregos”. Afirmou que priorizou “os mais necessitados” e que fortaleceu o SUS, as equipes de saúde e se “esforçou por adquirir as vacinas necessárias para imunizar a população”.

Mas todas essas afirmações já foram amplamente desmentidas pela CPI da Covid  e pelas atitudes do próprio Bolsonaro e seu governo. E o presidente continua agindo da mesma maneira, apesar de tentar convencer a população do contrário, sempre com discursos em que mente e distorce a realidade.

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Ações e reações

Em postagem nas redes, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) mostrou indignação pela postura do presidente na sessão solene. “Não me conformo que o parlamento brasileiro ainda tem uma maioria que bate palmas para o governo Bolsonaro. 2022 é o ano para mudarmos essa realidade. Que possamos derrotar o governo genocida de Jair Bolsonaro”, disse, em vídeo. Ela também destacou a necessidade de a oposição derrotar no Congresso “a ideia de uma reforma administrativa, mais um ataque ao Estado brasileiro”.

Por sua vez, o deputado Enio Verri (PT-PR) considera muito difícil que, em ano eleitoral, Bolsonaro e sua base no Congresso consigam aprovar pautas impopulares ou polêmicas, como a reforma administrativa. A Câmara não deve nem mesmo colocar para votar a matéria, acredita, já que tal reforma tiraria direitos do funcionalismo público, o que significaria a perda de muitos eleitores.

Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB) informou que logo na abertura dos trabalhos legislativos apresentou requerimento de convocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para depor. “Ele tem muito a explicar sobre os desastres no combate à pandemia. A começar pela ideia absurda de exigir recomendação médica para a vacinação das crianças.”

Bolsonaro irônico

“Um presidente que nada faz e ainda tira sarro dos desastres”, reagiu o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) no Twitter, após Bolsonaro ironizar o desabamento em uma obra do metrô de São Paulo, que na terça-feira (1º) abriu uma cratera na Marginal Tietê, uma das principais vias da capital paulista. O presidente chamou a situação de “transposição do Tietê”. O parlamentar protocolou requerimento solicitando recursos federais de R$ 1,5 bilhão para as áreas afetadas em São Paulo pelas chuvas. “Não é por opção que as vítimas habitam zonas de risco”, justificou.


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